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REVIEW : DIY FAZ ALGUMAS CRÍTICAS PREOCUPANTES AO NOVO ÁLBUM [Nota 3 de 5]

GENIAL OU O SOM DE UM HOMEM SE DESVENDANDO
POR: LISA WRIGHT, DIY
3 DE 5

 

No ano de 2006, pouco depois do lançamento de seu álbum de estreia inovador, um bando de pirralhos de Sheffield perguntaram ‘Who The Fuck Are Arctic Monkeys?’. A resposta, já clara, era a de que eles eram o bando mais vital de inteligentes e eloquentes iniciados indies de sua geração. Por volta de 2009 e ao advento de terceiro álbum ‘Humbug’, a resposta alterara-se ligeiramente; tendo tomado carona até o deserto, o quarteto estivera numa proposta mais madura, estendendo a lacuna entre a energia pueril e a arrogância máscula e entrando de forma segura na fase dois. Em 2013 e o quase-perfeito quinto LP ‘AM’, a resposta foi simplesmente a de que os Arctic Monkeys possivelmente eram a maior banda do mundo. Agora, no entanto, a resposta parece ser menos reta e clara. Que diabos são os Arctic Monkeys no ‘Tranquility Base Hotel & Casino’? Bem, você sente que, em 15 ou 20 anos, esta era da banda será recordada como uma direção seguida a sua próxima fase imperial ou o começo do fim. Mas francamente, neste momento, é difícil perceber muito bem de qual forma o pêndulo está destinado a balançar.

Tirando a procura óbvia, o há muito esperado sexto álbum da banda é nada com o que eles tinham feito antes. Um álbum solo do Alex gravado por qualquer outro nome, suas 11 faixas transcorrem amplamente na voz enamorada afetada do cantor e num amor recém-descoberto por piano. Raramente as guitarras fazem uma aparição pronunciada, salvo às notas ameaçadoras que abrem ‘Golden Trunks’ e poucas linhas de baixo fugidias em ‘She Looks Like Fun’ e ‘Four Out Of Five’. No que o baterista fonte-de-energia Matt Helders vai fazer durante os concertos ao vivo, entrementes, ninguém o sabe.

O que não é, em si, uma crítica; após aos aplausos universais e hiperbólicos dados a ‘AM’, você entende o por que de o próximo movimento dos Arctic Monkeys serem diversos saltos à esquerda. E enquanto que inevitavelmente haverá uma legião de rapazes a reclamar da falta de ‘Mardy Bum’s ou ‘Do I Wanna Know’s, comparando ‘TBH&C’ a qualquer disco anterior da banda, isto é tão útil quanto comparar uma maçã a um micro-ondas. Este é um disco que precisa ser julgado como uma entidade separada, porque é como os seus estranhos 50 minutos de languidez e salões cósmicos são claramente concebidos.

Permanecendo firmemente em ritmo médio em sua totalidade, é como um álbum de conceito localizado no espaço sideral equivalente a um bar de shows de Vegas definhado; faixas flutuam de uma para outra, as reflexões de fluxo de consciência de Turner oscilando entre a realidade exausta e o surrealismo celestial, antes de culminar na chamada da balada de cortina de destaque ‘The Ultracheese’ — a última mesura antes do teatro arder em chamas.

Todos esses elementos fazem dele um disco que é indubitavelmente novo, inesperado e conceitualmente interessante. Pode-se passar dias descosturando as letras do Alex, que começa com a abertura de álbum potencialmente mais destemida e de cair-o-queixo dos últimos tempos em ‘Star Treatment’ “I just wanted to be one of The Strokes, now look at the mess you made me make” (Eu só queria ser um dos Strokes, agora olha para a bagunça que você me fez fazer) — antes de incluir o planeta fictício de Clavius na ‘Four Out of Five’ e eventualmente declarando “I’m so full of shite, I need to spend less time stood around in bars talking to strangers about Martial Arts” (Eu estou de saco cheio, preciso passar menos tempo entre bares conversando com estranhos sobre Artes Marciais) na já mencionada ‘She Looks Like Fun’. Composto e gravado num grande apartamento pelo cantor sozinho em seu estúdio [caseiro] em LA, tudo é genial ou o som de homem se desvendando. Mas este é um debate que é sintomática do álbum todo: é realmente ótimo ou só interessante? Uma vez que se supera a novidade e a trama, seriam estas as músicas que você manterá próximas ao seu coração e retornará para elas de novo e de novo? E isso é onde as coisas começam a vacilar.

Há momentos genuinamente brilhantes e facetas para serem encontradas espalhadas por todo o ‘Tranquility Base Hotel & Casino’. A demonstração de progressão de cordas do piano clássica que sustenta ‘One Point Perspective’; as harmonias cativantes e um Coro Real Próprio (uma raridade aqui) na destacante ‘Four Out Of Five’; a ao estilo de ‘Being For The Benefit Of Mr. Kite!’¹ sensação de atração de circo na ‘The World’s First Ever Monster Truck Flip’. Mas muitas das vezes, você tem que trabalhar muito para separar essas músicas das outras. Tem pequenas mudanças de ritmo e poucos picos dentro do clima geral das pupilas dilatas e do glamour grogue e abatido. Para uma banda que vinha escrevendo alguns das maiores ganchos que grudam na cabeça da última década, há confusamente menos para se fixar na mente de pronto.

Um álbum que só começa a melhorar depois da décima ouvida, o sexto álbum do Arctic Monkeys é do tipo do levantar de sobrancelhas à uma bola curvada que pode, ainda sim, levar ao brilhantismo. Todo dissidente em algum momento tem de arriscar tudo em busca do novo. Mas há ainda uma coisa um pouquinho triste nisso de tentar a todo custo se apaixonar por um disco de uma banda que sempre fez da devoção algo tão fácil. Que diabos são os Arctic Monkeys? Parece que só o tempo dirá.

 

Notas: 
1 Música dos Beatles.

Fonte: DIY Magazine

Tradução : Alex

Revisão : Bruna

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