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Seria ‘Tranquility Base Hotel & Casino’ o último álbum da banda? (NME)


Alguém mais está preocupado que ‘Tranquility Base Hotel + Casino’ seja o último álbum dos Arctic Monkeys?
Este é o fim?

Do momento em que Alex Turner abre sua boca em ‘Star Treatment’, a faixa de abertura do ‘Tranquility Base Hotel & Casino’, estamos em um território desconhecido. A primeira linha: “Eu só queria ser um dos Strokes, agora veja a bagunça que você me fez fazer”, é conspícua de numerosas formas, flagrantemente do passado e sujeito no singular. Este é um álbum do “eu”, não do “nós”. E o clima do álbum está arraigado disso em cada uma das faixas. Em vez das guitarras envolventes, do rock & roll grudante e influências do hip hop que definiram o AM de 2013, esta é uma experiência profundamente diferente que por muito pouco quase acabou como um disco solo do Alex Turner.
Uma das influências permeáveis no álbum é o ‘Pet Sounds’ do The Beach Boys, um álbum que o vocalista problemático da banda Brian Wilson na sua maioria o fizera com sessões com músicos enquanto o restante da banda estavam fora, em turnê. Eles retornaram para descobrir que eles não iriam mais estar cantando sobre surfar e [carros] Hot Rods. ‘TBH+C’ é o Turner tomando o centro do palco numa forma que ele nunca havia tido a oportunidade antes. Desenvolvendo riffs para as tilintantes teclas do seu piano Steinway, ele leva os Monkeys para o território de pop de salão [lounge pop] onde o cantor romântico e o ouvinte são os reis e, sejamos honestos, a banda desaparece adentro um segundo plano. E de tal forma, que este é um disco que inadvertidamente levanta questionamentos a respeito do futuro de um dos grupos britânicos mais duradouramente populares.
Se ‘AM’ caracterizou-se pelas baterista poderosas de Matt Helders, ‘Tranquility Base’ não poderia ser mais diferente — ele aqui está relegado às viradas de plano de fundo e uma inesperada experimentação com sintetizadores. História similar é para o guitarrista Jamie Cook e o baixista Nick O’Malley, que proveram uma furtiva e cinemática vantagem para o álbum do Alex.
Alex Turner nunca antes pareceu mais inquieto a respeito de estar numa banda, mais preparado para dar um salto a um grande desconhecido — e ‘Tranquility Base’ prova que o natural próximo passo poderia ser uma carreira solo, algo que de fato ele unicamente explorou no mini-álbum ‘Submarine’.
A banda, é claro, não pode ser apagada deste álbum — Cook, Helders e O’Malley trazem sua desenvoltura magistral e seus corações para o som. Mas ‘Tranquility Base’ vê um Turner criando um glorioso vislumbre de um mundo onde ele sozinho é o rei. Mas nos anos intervenientes, desde ‘AM’, Turner gravou um segundo disco solo como Last Shadow Puppets, excursionando por festivais com seu colega Miles Kane e, aparentemente, teve um arroubo explosivo. Isso, suspeitaria-se, seriam as férias dele dos Monkeys, mas em vez de se reagrupar com seus colegas de banda, ele se retirou para uma esplêndida isolação em LA para dar início a um projeto que não era necessariamente voltado para o trabalho diário de sua banda.
Tem algo bastante revelador referindo-se a maneira a que Jamie Cook reagiu ao ouvir o que Alex Turner esteve preparando em sua casa em Los Angeles.
“Eu acho que no começo era bem básico — piano, vocal e sem guitarra — Al estava em duas mentes praticamente, ‘Isso é Arctic Monkeys ou aonde mais estou indo com isso?” Cook recentemente disse a Mojo.
“E talvez de primeira eu estava um pouquinho assim também. Definitivamente não é um disco de guitarra pesada. Não tipicamente dos que faríamos. Levou muito mais para se pensar.”
O aparente auto-questionamento de Turner diz tudo — ele está no caminho de estabelecer a si mesmo como artista solo, mesmo que ele não esteja bem ciente disso. Já vimos isso antes com Damon Albarn e Gorillaz, o projeto paralelo que abocanhou o cerne da banda. Tudo considerado, não fique surpreso se ‘Tranquility Base’ prove-se ser o urra final de uma banda definidora de uma geração ao auge de seus poderes.

Nós não estamos mais em Sheffield, leitores.

 

Fonte: NME

 

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