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[RESENHA SHOW] Electric Picnic 2022 (The Irish Times)

Arctic Monkeys no Eletric Picnic: riffs matadores e humor negro num final de chacoalhar o esqueleto do festival de 2022

Alex Turner no Eletric Picnic (fotografia por Alan Betson)

Não tem headliners de festivais mais confiáveis e pragmáticos que os Arctic Monkeys. Tinindo do Reading Festival, do último fim de semana, na Inglaterra, Alex Turner e seus colegas de banda fecharam o Eletric Picnic 2022 com um set de chacoalhar o esqueleto que quase se fez ser possível ignorar o abrupto mas apocalíptico aguaceiro. Eles estavam estrondosos e um pouquinho rabugentos; e fecharam o festival com uma esmagação – muito embora uma bem umedecida.

O Eletric Picnic também tem os Arctic Monkeys apertando o reset muito ligeiramente. O seu álbum experimental, Tranquility Base Hotel & Casino, dividiu os fãs. Alguns aplaudiram a voluntariedade de Turner em tomar uma direção esotérica; outros, lamentaram a sua virada ao David Bowie “do Paraguai” e pastiche de Scott Walker.

Não é de não se pensar que Turner tenha chegado a este último ponto de vista. Apenas duas faixas do Tranquility se fizeram presentes na noite de hoje. Há, também, um corte para o seu vindouro sétimo álbum de estúdio, The Car, que recebe uma desinteressada recepção ao chegar, assim como se chega, em meio a enxurrada.

Em vez tocar pra frente, os Arctic Monkeys circulam uma estendida volta da vitória. Teddy Picker e Potion Approaching são ‘bangers’ mal-encarados que confirmam Turner, que tem 36 anos, como um tiozinho rabugento no aterro da cena indie de meados dos anos 2000, quando bandas com menos guitarra as emprestaram, pesadamente, de músicos melhores dos anos 80 e 90. Mas Turner sempre se destacou – suas músicas misturando riffs matadores com a sagacidade de Sheffield. (No palco ele é taciturno; e suas interações, confinadas a murmúrios desleixados).

Tais qualidades são a frente e o centro da noite final do Eletric Picnic 2022. Com a rodopiante chuva, ele abriram com Do I Wanna Know? e brincaram pela Cornerstone e I Bet You Look Good on the Dancefloor, o hino com o qual se apresentaram ao mundo 16 anos atrás.

No início de suas carreiras, os Arctic Monkeys foram anunciados como líderes de uma nova geração de grupos do “MySpace” cuja popularidade foi propiciada pela internet. O quão longe isso parece agora! Ainda assim, bem longe das relíquias do rock’n’roll, a apresentação confirma os Arctic Monkeys como os mestre do barulho do passado, do presente e futuro – e do escapismo sem pretensão. No Eletric Picnic eles abaixaram as persianas com verve. Ah, se só a chuva tivesse se adiado…

 

Fonte: The Irish Times (05/09/22)

 

 

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