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[RESENHA SINGLE] There’d Better Be A Mirrorball (The Indiependent)

(Divulgação da banda)

“Aquele rock ‘n’ roll, hein? Aquele rock ‘n’ roll simplesmente não desaparecerá.” As infames palavras entregues por Alex Turner, vocalista dos Arctic Monkeys, no Brit Awards de 2014 pode ter perdido seu peso para alguns fãs de longa data da banda que está seguindo para longe de seu típico indie rock no seu ópera jazz de era espacial, Tranquility Base Hotel & Casino (2018). No entanto, com o lançamento mais recente de seu single ‘There’d Better Be A Mirrorball’, os Arctic Monkeys insistem no som lounge de salão, desafiando o criticismo ao provar que a única coisa que realmente “não desaparecerá” é o talento e habilidade do quarteto de Sheffield de se escrever uma peça musical avassaladora, não obstante o gênero.

A faixa é o lead single e abridor do The Car, o sétimo álbum de estúdio da banda – e o primeiro em quatro anos – com lançamento previsto para 21 de outubro de 2022. Tal como os números do álbum predecessor, ‘There’d Better Be A Mirrorball’ está musicalmente centrado em torno do novo instrumento de escolha de Turner – o piano. A introdução atmosférica acompanhada por cordas abre caminho para as curtas cordas apunhaladas e cambaleantes principais; o espaço em redor de tais são preenchidas pela bateria gentilmente cadenciada de Matt Helders, o baixo abafado de Nick O’Malley, e o que soa mais como um [teclado] mellotron, continuando a evidenciar um real apelo seiscentista ao novo som dos Arctic Monkeys.

Enquanto que a sonoridade de ‘Tranquility Base’ persiste na faixa, não há taquerias lunares nem monster trucks que cambalhotam para frente a serem encontradas na letra de Turner. Uma abordagem mais fundamentada de composição será encontrada aqui, com a narrativa meramente se seguindo a um término de relacionamento – esta simplicidade permite a ambos o talento poético do vocalista quanto o alcance emocional de sua voz a brilharem ao longo dela, enquanto ele suplicantemente gorjeia no coro por um último momento com seu recém-ex-amor: “So if you wanna walk me to the car / You oughta know I’ll have a heavy heart / So can we please be absolutely sure / That there’s a mirrorball?” [Então, se você quiser caminhar comigo até o carro / Você tem de saber de que terei um coração pesado / Então, podemos ficar absolutamente certos / De que há um globo espelhado?].

Capa do single “There’d Better Be a Mirrorball”

Turner é um gênio, e no entanto, achou-se o que reside abaixo desta simplicidade. Há mais que uma pista no tocante ao seus sentimentos pessoais para com a banda e a música dela implicada nas letras dele, especialmente no primeiro verso: “I know I promised this is what I wouldn’t do / Somehow giving it the old romantic fool / Seems to better suit the mood” [Eu sei que prometi que isto não é o que eu não faria / De certa forma, dar-se por velho tolo romântico / Parece melhor se adequar aos humores] – pode ter se configurado inconcebível para o homem que entregou o discurso de “Aquele rock ‘n’ roll, hein?” a ter-se agora envelhecido e virado um membro moderno do Rat Pack¹, e que agora não são mais importantes ao Turner em si. No entanto, a banda não pode ficar tocando para sempre as suas músicas roucas sobre sair na cidadezinha de Sheffield, e aquela última linha é onde reside esse fato – este parece ser um novo som para os Arctic Monkeys perseguirem, e o líder deles está se sentindo agridoce quanto a isso.

Se ‘There’d Better Be A Mirrorball’ é qualquer coisa a se ponderar, The Car está previsto para ser mais um álbum recheado de baladas gentis e de um Turner no melhor em composições emotivas. O novo som dos Arctic Monkeys pode desapontar aos ouvintes que querem voltar aos dias de “sapatos dançantes” e “pistas de dança²,” mas os fãs dos mocassins num som lounge lunar do Tranquility Base Hotel & Casino certamente não ficarão a ver navios.

 

Palavras de David Harrold

Notas:

1 Rat Pat é um grupo americano de artistas de meados dos anos 50 e 60, com nomes como Frank Sinatra, Sammy Davis Jr., Dean Martin, Peter Lawford e Joey Bishop.
2 “Sapatos dançantes” e “pistas de dança” são referências a “Dancing Shoes” e “I Bet You Look Goog On The Dancefloor”

 

Fonte: Indiependent (04/09/22)

 

 

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