Header

ARTIGO: Matt Helders — meu Top 5 de dicas para bateristas

iggy-pop-josh-homme-matt-helders-dean-fertita-2016-tour-promo

Como baterista dos conquistadores do mundo britânico – Arctic Monkeys, Matt Helders tem aglomerado um exército de fãs, mas é em seu mais recente projeto que verdadeiramente provou a si mesmo estar em casa: ao dedilhar no tampo da mesa*. [*Como se tocasse bateria na mesa com os dedos ou mãos].
O projeto: o disco de Iggy Pop “Post Pop Depression”, um álbum no qual Josh Homme — o cara principal do Queens of the Stone Age e produtor do Arctic Monkeys — em pessoa escolheu Helders para fazer a colaboração. Em conversa ao MusicRadar, Helders admite que a posição veio com um bocado de pressão enquanto procurava justificar a fé de Homme.
“A pressão que pus sobre mim foi essa antes que eu entrasse; estava pensando em como poderia fazer disso importante; que fosse eu tocando nesse álbum e não qualquer baterista.” diz.
“Eu estava preocupado em como eu poderia justificar que era eu tocando. No fim, percebi que estive me cobrando uma razão, então eu tinha de apenas continuar o que estava fazendo. Foi bom, embora eu tivesse pensado daquela forma. E também foi a primeira vez em que estive em outra banda que não o Arctic Monkeys; então, mesmo que tivesse trabalhado com Josh Homme antes, foi uma nova experiência.”
Mas pressão é nada de novo para Helders. Ele admite que sentiu-se na mira de um microscópio na primeira vez que trabalhou com Homme, no álbum Humbug.
“(Nas gravações de Humbug) Lembro de pensar que (Josh) já esteve em estúdio com esses diferentes músicos de elevado nível. Desta vez, foi diferente porque eu estava na sua banda, ele não estava guiando a minha, o que ele faria no papel de produtor. Aqui, ele foi ambos produtor e membro da banda. Mas isso passou bem rápido; fizemos alguns escritos iniciais e ensaiamos antes de que Iggy se reunisse. Tivemos dias de troca de ideias e parecia bem natural; chegamos a esse ponto bem depressa.”

Ludwig 70, bateria de Matt.

Ludwig 70, bateria de Matt.

E quando o famoso selvagem Iggy se reuniu, o inferno todo se desprendeu, certo? Não exatamente, parece que as sessões do Post Pop Depression foram surpreendentemente contidas e muitíssimo focadas no trabalho requerido.
“Nunca conheci Iggy antes disso. O primeiro dia que o conheci foi o primeiro em Joshua Tree. Tínhamos saído para jantar, pra esparecer. Trabalhar com ele foi inacreditável. Ele é incrível. Ele também foi muito amigável e divertido. Foi muito reconhecedor estarmos lá. Estávamos nesta posição de respeito mútuo. Foi tão legal; foi muito civilizado. Gravávamos consideráveis horas, terminávamos pelo jantar. Jantávamos e ouvíamos música ou víamos um DVD ou outra coisa.
“Isso foi uma das coisas que levei deste álbum: que você não tem que trabalhar até as primeiras horas da manhã pra conseguir aquele momento mágico. Acho que geralmente fica pior se você ficar forçando. Quando você faz assim, você acaba perseguindo algo para sempre e você nunca chega lá. Há um jeito de trabalhar com eficiência e lidar com isso como trabalho, mas sem tirar a diversão disso .”
Você não pode discutir de tais métodos, nem mesmo do produto final. Post Pop Depression tem recebido críticas entusiásticas e é o melhor registro de Iggy em muitos anos. Portanto, como o homem por trás do kit de tal registro estelar, parece apropriado que pressionemos Matt em sua sabedoria ‘baterística’ e que revele seu top 5 de dicas para bateristas.

 

1. Tenha a sua própria voz no kit.

“Acho que tocar pela canção* é muito importante, mas você precisa também ainda sim encontrar-se individualmente
[* Aqui, tocar pela/para canção segue no sentido de seguir a partitura da forma à qual a música foi concebida, não entrar em desarmonia com o conjunto todo].
Você precisa ter sua própria voz no kit [de bateria]. Eu fiz este álbum com Iggy e toquei uma das canções para o Alex e na hora ele disse que se podia dizer que era eu na bateria. Aquilo foi ótimo; é tudo o que você pode desejar como baterista, sério.”

 

2. Faça como digo… e pratique.

Nunca pratiquei, percebo que essa é uma coisa ruim de se dizer. Quando mais novo, nunca tive um kit de bateria em casa, então eu só viria a tocar com a banda; e eu era o baterista da banda.
Tive um pad de prática¹; e de vez em quando, faço alguns rudimentos² e tal. Mas eu nunca pratiquei sozinho, na verdade. Costumava tocar acompanhando algo e isso era divertido, mas eu nunca me esforcei para aprender e eu devia tê-lo feito.
Se eu vir pessoas fazendo algo e pensar, ‘Como eles fizeram isso?’ eu tentarei fazê-lo durante alguns minutos e então prosseguirei; então, meu conselho definitivamente seria: praticar. Você deve fazer o que digo, não o que faço!
Eu faço aquecimento, porém. Apesar de que me aqueço menos do que costumava. Um monte de gente faz aquecimento até o ponto de ficarem exaustas.
Sou mais de me alongar antes que toquemos do que fazer qualquer exercício com a baqueta. Faço bastante alongamento até ter certeza de que meu corpo está aquecido.
Muito disso está no meu inconsciente, se eu tiver uma apresentação, onde eu sentir meus braços tensos, é porque estou preocupado em derrubar as baquetas. Percebi que é psicológico, porque consigo tocar uma passagem de som por meia hora e me sentir ótimo sem qualquer tipo de aquecimento.

1212feca19b0ec623ccf050a62dd0335

3. Toque no equipamento que é confortável para você.

Originalmente, nunca quis sair em turnê com meus pertences vintage, porque não seriam cuidados de forma apropriada. Mas, uma vez que consegui um técnico [de som] dedicado, sentia-me capaz de excursionar com as minhas coisas e isso fez diferença.
Ser capaz de tocar ao vivo com meu velho kit Ludwig…; não tem nada igual que você poderia conseguir novo. É importante tocar com o kit com o qual você está mais confortável.
Me lembro dos dias de uso de equipamentos de outros ou de ter que alugar equipamentos, e isso pode ficar na sua cabeça, porque se uma coisinha estiver levemente diferente, você vai ficar pensando nisso durante toda a apresentação. Ninguém se importa que você esteja usando um kit alugado, portanto você também não deve.
Tendo dito isso, neste álbum, e antes quando trabalhei com Josh, abandonei o kit [de bateria] por ele. Com um lugar como Joshua Tree, com aquele estúdio, é muito importante trabalhar com o que lá anteriormente têm sido usado para trabalhar. As pessoas tem tentado levar equipamentos pra dentro daquele estúdio e simplesmente não dá muito certo. Por isso, usamos um [equipamento de bateria] Masters Maple que Josh tinha.”

 

4. Cantar e tocar? Planeje bem.

“Toda vez que uma nova ideia de vocais surge, a parte da bateria já está pronta e depois acrescentamos os vocais; e no fundo de minha mente, muitas vezes me perguntarei se posso mesmo cantar tal parte.
Costumávamos ser uma banda em que, em suma, se não podíamos ‘reproduzir’ algo no dia seguinte, então não iríamos fazê-lo. Portanto, não colocaríamos uma guitarra extra ou vocais numa música se não poderíamos fazê-lo de novo ao vivo.
Conforme o tempo passava nos atemos a isso; e nos concentramos mais em deixar o som dos discos melhores.
Quando veio tempo de recriar meus vocais ao vivo, foi o caso de pegar a coordenação oposta ao rítmo do que eu estava tocando; muitas vezes, eles seriam diferentes. Fisicamente, em termos de fôlego, eu tenho menos agora.
Tenho de aprender a parte ao ponto de que eu possa simplesmente tocar sem ficar pensando e então, me concentrar no vocal. Em minha cabeça, planejarei onde cada batida no kit estará assimilado à respectiva palavra da qual estou cantando no momento.”

 

5. Toque forte… mas com finura.

“Eu vi o Queens com Joey Castillo e foi tão vigoroso; aquele foi um grande momento para mim. Mas, eu ainda tinha de passar uma curva de aprendizagem, que: não é tão simples simplesmente tocar bateria com força.
Meu amigo, que é um trabalhador da construção civil, poderia tocar bateria mais forte do que eu, mas não é tão simples assim.
No início, fui bastante primitivo e homem das cavernas pois pensava que eu precisava golpear mais forte na bateria. Mas então, quando você entra no estúdio e as pessoas estão tipo, ‘O que você ‘tá fazendo?; ‘tá horrível.’ Eu tive de encontrar um equilíbrio entre tocar com força e encontrar uma sonoridade que fosse boa.”

 

Notas
1 Pratice Pad, no original. Espécie de almofada arredondada usada para treinar os primeiros movimentos de baquetas.
2 Rudimento: Técnica de toques (ou baqueteamentos) que surgiram há 400 anos a modo de padronizar, numa época ainda sem a escrita, os sons para os percursionistas. Em suma, o rudimento é a forma inicial de criar um todo da sonoridade da bateria numa canção. Existem 40 rudimentos. O estudo delas auxilia na melhor virada [de baquetas[, solos criativos, melhor controle no kit todo, melhor versatilidade sonora, etc.

Data: 26/12/2016

Fonte: Music Radar

COMENTE!