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Tradução: THE BIG ISSUE EXCLUSIVE: ARCTIC MONKEYS BEHIND THE SCENES

Uma obra-prima de chanson¹ sci-fi psicodélica, que vai nos ganhando aos poucos, inspirada em Serge Gainsbourg, The Beach Boys, trilha-sonoras de filme de 1970 e espaço-sideral — o sexto álbum dos Arctic Monkeys, indicado ao Mercury Prize, Tranquility Base Hotel + Casino é um dos álbuns mais elegantes de 2018, e a declaração artística mais ousada e mais ambiciosa da banda de Sheffield até então.
Assim que embarcam na leg UK de sua turnê mundial, veio a The Big Issue a oferta de uma coleção exclusiva e nunca antes vista de cenas fotografadas dos bastidores tiradas por um amigo seus, Zackery Michael — na estrada, durante gravações de vídeo dentro e fora do estúdio na França onde o disco foi concebido. The Big Issue é o único lugar onde você verá estas imagens, muito embora mais conteúdo visual destas sessões estarão em exibições situadas em Sheffield e Londres para coincidir com a turnê, incluindo uma versão da escultura da capa do álbum, concebida e criada pelo vocalista Alex Turner.
Turner conversou conosco, a compartilhar algumas estórias divertidas e reveladoras, e insights, provendo uma cândida e secreta visão de umas das bandas britânicas mais importantes, durante a mais recente e empolgante fase de sua carreira.
“Estamos sempre felizes de trabalhar com a The Big Issue” diz Turner.
Obrigado Alex, o sentimento é mútuo.

Sobre o fotógrafo Zackery Michael: “Zackery tirou um monte de fotografias nossas nos últimos seis anos, por aí. Ele é um amigo que fiz quando morava em Nova Iorque e ele morava na mesma vizinhança. Em certo ponto, acabamos na mesma cidade. Estávamos numa gravação para The Hellcat Spangles Shalalala do Suck It And See, e Zack tinha acabado de chegar na cidadezinha, aí ele juntou-se a nós e começar a capturar imagens. Passávamos bastante tempo com ele na turnê, desde então, e ele é alguém com que qualquer um se sentiria realmente confortável. Suponho que seja por isso que ele tira as fotografias que tira. Ele está mais por detrás das cenas do que permitimos a um monte de pessoas.”

“São calças enormes. Um amigo me deu estas; eram pequenas demais para ele. Ele é mais alto. Elas são milhas [de distância] grandes demais para mim. Suponho que tem um pouquinho de espaço para calças neste disco, digamos que havia no último. Seria esta a calça quintessencial do Tranquility Base Hotel + Casino? Não, é só mais uma calça boas pra estúdio. Muito confortáveis.”

Sobre a sessão da BBC de clássico instantâneo no Maida Vale Studios, em Londres, junho de 2018: “Lá estão o Jamie e o Matthew, com uma baqueta na boca, como se fosse uma rosa. E eu tenho que dizer, para aquela sessão do Maida Vale, eu tenho de dar todo o crédito a BBC por permitir-nos a fazê-la como queríamos fazê-la. Eles realmente foram apoiadores daquela idéia. Obviamente o vídeo que fizemos para Dancefloor foi uma versão curta daquela tentativa de algo do espírito do The Old Grey Whistle Test². Por volta daquela época em que fizemos o vídeo de Four Out Of Five, alugamos algumas destas câmeras antigas e desses monitores antigos; e brincávamos de apontar as câmeras de filmar nos monitores e criando essas espécies de curvas. Eu acho que aquilo foi, pra gente, onde aquilo começou. Acho que com Maida Vale não se precisa se fazer muito lá, só os cômodos já dão uma aparência bacana, tem algo nelas. Todo aquele Whilst Test era um arranjamento de banda e eles iam lá e tocavam. Você ainda assiste a isso hoje [em dia] e funciona. Por isso, fomos lá com esse tipo de atitude. E, é claro, tínhamos ao Ben; ele dirigiu o negócio da BBC com alguns dos seu pessoal. Ele merece mais crédito que eu.”

“É raro pedirem autógrafos hoje em dia, suponho – tudo são só selfies. É como usar câmeras antigas para nossos vídeos – eu insisto nisso. Não, estou só brincando. Mas eu tive muito treino com a minha assinatura ao longo dos anos; [que] está absolutamente formidável agora.”

Sobre sair em turnê com Tranquility Base Hotel + Casino: “Suponho que é sempre com certa incerteza que você lança um material novo, e com este não foi diferente. Havia um maior senso de incerteza para um (sem-)número de razões, mas que parece ter sido há bastante tempo agora. Tínhamos o Tom e Tyler tocando conosco, também, e aquilo cria um pouquinho mais de dimensão e versatilidade com o show. Estou realmente feliz com a banda agora e em como ela está soando. Dá a impressão de como tivesse algo lá que não estivesse antes.”

“Esta é no Reno, Nevada, quando estávamos fazendo o vídeo do Tranquility Base. É na verdade uma parte do que não se vê muito no vídeo, por causa que, infelizmente, a câmera deu ruim e por isso toda a gravação daquela estrutura acabou inutilizável. O que é uma grande vergonha porque era um dos maiores e mais estranhos cômodos em que já estive. Acho que havia algo inerentemente Kubrick em se tratando daquele tapete. Há um toque d’O Iluminado, acho eu. É como um Iluminado dedicado. Aposto que era uma sala de conferência. Parecia tipo que aquele carpete nas paredes e o carpete no chão estavam tendo um desentendimento. Carpetes nas paredes tendo desentendimentos com carpetes no chão – eu acho que isso podia ser o mantra do departamento de design interior no Tranquility Base Hotel + Casino.”

Sobre posar para fotografias [e referência a Abbey Road dos Beatles]: “Suponho que, quando você está olhando [para a câmera], quando acontece de fotografar quatro blocos de uma vez, eu não posso deixar de pensar naqueles muitos cenários que não sejam bandas de que se possa tirar uma referência. Digo, há um par de coisas de que já fizemos referências antes – como grupos de cientistas e coisas assim. Mas, invariavelmente, coisas como sessões icônicas dos Beatles, meio que ficam na cabeça. Suponho que você tenta não ser os caras se debruçando na beira, o tempo todo³.”

No La Frette Studios, La Frette-sur-Seine: “La Frette é onde nós gravamos muito do álbum e certamente levamos para casa aprendizado, levamos todos juntos. Eu nunca estive lá antes, mas é um lugar que queríamos ir no passado e quase que fizemos para o último álbum do The Last Shadow Puppets. Acho que foi o nosso produtor James [Ford] que tinha vindo de LA bem no começo da produção deste álbum (aqui se refere ao segundo álbum dos Puppets), e por isso foi meio que a nossa vez de ir até ele. Este era um lugar que vínhamos esperando para ir fazia tempo – Laurance da Domino tinha recomendado ele. Tem essa banda que eu gosto muito, chamada Timber Timbre que tinha acabado de ir lá, e o carinha da banda tinha escrito algo a respeito do estúdio, que eu me lembro de ter lido, e ele tinha coisas bastante lisonjeiras a dizer. Decidimos dar uma chance e não fomos desapontados – é um estúdio fantástico, tem uma vibe ótima e as pessoas que estavam tomando conta de nós eram realmente maravilhosas. Eu sinto falta disso, pra ser honesto.”

“Não entramos de forma alguma em Paris durante essa viagem; a maioria do nosso tempo foi gasto naquele pequeno vilarejo. Já faz um bom tempo desde fizemos aquilo num disco; vivemos num lugar onde tínhamos gravado e estado juntos, todas as noites. Foi uma experiência fantástica.”

“Fiquei feliz de falar com você sobre estas coisas. A única coisa que eu prefiro a ter uma imagem minha tirada é ter de dissecá-la posteriormente. Tô só brincando, não me sinto nem remotamente desconfortável.”

Sobre criar a escultura da capa do Tranquility Base Hotel + Casino: “Eu nunca fiz nada como aquilo antes. Ficou um pouquinho interessante lá trás por um minuto. Esta é a primeira vez que eu sequer tenho um estilete. Sem caixas de cereais a serem cortadas. Eu não como muito cerais na verdade, não mais. Certamente não o tipo de quantidade que se precisaria para dar conta desse processo. Havia um par de lojas a que eu me tornei familiar. Eu passei por um monte de lâminas. Uma coisa que eu posso dizer é que eu achei o meu caminho pelo corredor do estilete.”

 

Notas:
1 Chanson: canção, do francês.
2 The Old Grey Whistle Test: antigo programa britânico musical ao vivo. A banda emulou o estilo do programa e sua filmagenm (inclusive usando câmeras da época) para recriá-lo em seu primeiríssimo clipe, I Bet You Look Good on The Dancefloor.
3 Suponho que se tente não ser os caras se debruçando na beira, o tempo todo: com isso, o Alex quis dizer que eles tentam não se inspirar muito nos Beatles, mesmo que sempre as imagens de suas fotografias famosas venham à mente.

 

Fonte: Misery Company

 

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