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ARTIGO/ENTREVISTA: “Sou um tolo romântico,” Alex Turner.

Entrevista de 2011, pelo site Baltimore Sun.

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Alex Turner tem olhos de escritor.
Os manuscritos das letras do cantor-compositor do Arctic Monkeys são cheias de humor ácido e observações diretas. Na “Reckless Serenade,” faixa que sua banda recentemente lançou do quarto álbum, ele canta dos “tipos de beijos onde os dentes se colidem” antes de seu narrador se retirar pesarosamente, cantando “Call up to listen to the voice of reason and got the answering machine [Liguei para ouvir a voz da razão e caiu na secretária eletrônica].
Sua perspectiva, ao mesmo tempo bem-humorada e séria, destaca-se no rock moderno. Então, de onde o ‘sheffieldiano’ de 25 anos encontra inspiração?
“Eu gosto muito dos livros de Tom Wolfe—suas observações e relatórios das coisas,” Turner diz. “O último livro [que li] se chama ‘The Kandy-Kolored Tangerine-Flake Streamline Baby’, e era incrível.”
Com uma única ouvida de “Suck It and See,” fica claro que o Turner, observador e arguto, pegara alguns truques do pioneiro do Novo Jornalismo¹. Junto com seus companheiros da banda, eles tocam no Rams Head Live Saturday [casa de shows].
Lançado em junho, o álbum encontra os Monkeys negociando os tons mais negros e mais lúgubres do “Humbug” (2009), para com uma vibe mais ensolarada. Turner diz que a gravação em Los Angeles foi crucial para a mudança.
“O sol estava brilhando e todo mundo no geral estava de bom humor,” ele diz. “Você consegue ouvir que estávamos nos divertindo.”
Como diversos compositores antes dele, apenas Turner pode permanecer feliz por tanto tempo. Suas baladas, muitas vezes com pingos de anseio e coração ferido, são um cartão de chamada do Arctic Monkeys.
“Sou um tolo romântico, sem dúvida disso,” Turner diz. “Não consigo me conter de escrever essas canções.”
Ele culpa as inclinações dos seus hábitos de escrita.
“Eu gasto um pouco do tempo sentando no sofá com um violão—fazendo pausas, fumando um cigarro, indo até a janela e depois voltando. Quando se faz isso, você acaba fazendo muito mais dessas coisas [românticas], provavelmente até demais.”
Os fãs ensandecidos da banda, em especial os do exterior, não estão a reclamar. Quando a banda lançou seu debut em 2006 “Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not,” a britânica NME, comerciante de hype, animadamente catalogou o grupo de “A Banda Mais Importante de Nossa Geração.” Apesar de ser selado com uma enorme quantidade de hype já no início, os Arctic Monkeys são um dos poucos ungidos “Salvadores do Rock‘n’Roll” que ainda prosperam.
Turner diz que o hype está ‘definitivamente morrendo’ e que o tempo lhe permitiu refletir, pelo menos um pouco, dos ocorridos.
“Eu olho para o passado e o agora, e eu meio que posso entender o que aconteceu,” ele diz. “Aquela época foi um borrão. Você está no dentro de uma tempestade e não sabe necessariamente o que está acontecendo.”
O grupo está no meio de uma turnê de nove meses e Turner não espera diminuir o ritmo tão cedo.
“É normal estarmos agora ficando meio impacientes e querendo voltar ao estúdio, mas não começamos a fazer isso ainda,” diz Turner. “Vamos focar neste disco em vez de desacelerar. Queremos dar a ele o melhor tratamento.”
Voltando à habilidade de Turner com as palavras e a pergunta que não quer calar: o que quer dizer o título do álbum? O cantor explica que “suck it and see” é um ditado inglês para “por que não experimentar?”, mas ele admite que a inocência pode ser perdida na tradução.
“Nós falamos a alguns amigos americanos sobre o título e eles falaram ‘Você precisa fazer isso!’ Talvez eles nos enganaram. Pela primeira vez, não estamos tentando irritar alguém.”

 

Nota

1 Tom Wolfe além de escritor é um renomado jornalista.

Data:11/10/2011

Fonte: Baltimore Sun

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