Header

ARTIGO/ENTREVISTA: ‘Ateando fogo na pista de dança’, por Matt Helders.

Entrevista de 2007 concedida por Matt Helders.

arctic-monkeys

Emergindo, corajosos, com a eletricidade da rebeldia juvenil, ostentando a franqueza do Brit-pop e com um andar empertigado ao longo de diversos quartilhos¹ de urina de vadios ao redor do pub da região, os Arctic Monkeys lutaram em meio a um dilúvio de hype, concedido pela sempre vigilante imprensa, após o lançamento de seu debut em 2006.
A atenção parece ser inescapável.
A tour dos EUA, a recém finalizada, acompanhada pela aparição na capa do graal do rock britânico, MOJO Magazine, têm os Monkeys a ter asseguradamente, mais uma vez, a agenda de shows mais acompanhada do ano.
A banda consiste em Alex Turner (guitarra/vocal), Jamie Cook (guitarra), Andy Nicholson (baixo) e Matt Helders (bateria).
“Fomos crianças normais quando éramos mais jovens, não tão maus mas nem tão bonzinhos, também.” diz o baterista Matt Helders do famoso Warfield Theatre, em San Francisco, California. “Crescemos todos juntos. Alex e eu nos conhecemos desde que tínhamos uns cinco anos e os outros por volta dos oito anos.”
Com um sol brilhante sobre seus ombros e a América, a nível nacional, enfim sentindo as primeiras sensações de sua primavera, Helders mergulha nas origens do projeto [da banda].
“Eu comecei a tocar música como um hobby, na verdade,” ele diz. “Eu decididamente não cresci querendo entrar numa banda. Eu sabia que queria fazer algo a ver com coisas criativas, algo natural. Quando nós começamos a banda foi apenas algo para se entreter e a partir daí, eu meio que me apaixonei por isso.”
O sucesso veio numa idade extremamente precoce para os rapazes de Sheffield, Inglaterra. Na época que eles tinham dezesseis anos, eles se apresentavam nos pubs de sua cidade, não muito longe de suas casas. Um burburinho começou a pegar fogo sobre o brilhantismo de um rock despojado.
“Quando nós começamos a banda, eu realmente não sabia o que era bom e o que não era,” admite Helders. “A gente ouvia bastante The Hives e The Strokes na época. Eu tava viciado no baterista do The Hives.” diz. “Antes de começarmos, eu estava tentando fazer tudo igual ele, até mesmo em como eu organizei meu kit [de bateria].”
“Mas quanto mais velho eu ficava, mais eu me interessava no John Bonham.”
Ao canalizar os The Smiths, The Stone Roses e quaisquer outros praticantes do inglês que vieram antes deles, os Arctic Monkeys estavam a representar uma cena musical, específica para as tradições culturais e para os ideais musicais, que variam em diversidade em todos os cantos da ilha.
“Todo mundo tem uma atitude diferente quando se trata de bandas inglesas. Existe uma vasta gama de crenças relativas a sacralidade da música do Norte ao Sul da Inglaterra.”
Eles lançaram seu digno e cult disco de estreia, intitulado Whatever People Say I Am, That Is What I Am Not, em fevereiro de 2006 pela Domino Records, com um ataque alvoroçado de números convidativos. “I Bet You Look Good on the Dancefloor”, o single que propulsou a banda ao reconhecimento internacional, fora uma reinterpretação forjada do rock inglês. Era ousado, estava na cara, e fora preenchido com uma inegável arrogância inglesa. Outras faixas notáveis do disco incluíam “Fake Tales from San Francisco” e a balada “Riot Van”, onde há uma provocação de um  policial bêbado.
Agora, um ano depois, a banda tem feito às pressas uma segunda prensagem de músicas para o Favourite Worst Nightmare.
“Nós fizemos nosso último show em agosto de 2006,” explica Helders. “Começamos em Londres a alguns dias da gravação e depois fizemos uma pausa no interior [zona rural] antes de voltarmos e fazer outras seis semanas em Londres. Nos custou uns três meses, não bem isso. Demos os toques finais nele em Liverpool.”
Ao tempo de 37 minutos, o LP não é muito mais que o ponto de partida do debut, mas ainda sim pulsa com vigor. O single “Brianstorm” começa numa forma reconhecida dos Monkeys, satisfazendo mas não acrescentando nada de novo. Os vocais de Turner preenchem a mistura. Uma farra honesta, “D is for Dangerous”, segue com o registro utilizando da mesma abordagem musical do perito.
A faixa “Only One Who Knows” proporciona um atrativo mergulho na metade do disco antes de terminar com uma lufada rija de números labiais, os quais incluem a saltitante “Do Me a Favour”.
“Nós fizemos o primeiro disco muito rápido,” Helders explica. “Todas as músicas já estavam feitas e no ponto, então era só uma questão de ir no estúdio e gravar. Desta vez,” se referindo ao Favourite Worst Nightmare, “nós fizemos mais composição em estúdio. Provavelmente foi uma abordagem mais tradicional. Vamos dizer que desta vez a gente não tinha uma pressão, depois de estar em estúdio por três semanas.”
“Nosso estilo de vida tem mudado bem pouco desde que fizemos o último disco,” diz Helders. “Temos visto mais do mundo e coisas da natureza. As coisas que nós escrevemos nas músicas são as que estão ao nosso redor. Nós ainda saímos à noite e fazemos todas as coisas que fazíamos antes. Ainda nos sentimos do mesmo jeito sobre as coisas. Mas o temos que se destaca é que agora nós acordamos e estamos sempre num país diferente,” uma risada se segue.
“Estivemos em turnê, então este disco é sobre garotas, amigos e todas as pessoas que encontramos ao longo do caminho.”
Com a política externa dos Estados Unidos em desordem e a política partidária a inflamar uma tempestade de debates, Helders comenta sobre sua percepção do país, visto de fora.
“Um monte das coisas que ouvimos nos noticiários britânicos, provavelmente, não acontecem exatamente aqui. Você realmente não sabe no que acreditar, imagino. Digo, eu gosto de vir aqui, eu não tenho nada contra o lugar”, um riso brincalhão segue-se.
“A primeira vez que viemos à América, ficamos muito intrigados sobre, tipo, o que ia acontecer”, ele explica. “A gente realmente não tinha ideia do que esperar. É um pouco menos agitado aqui, eu acho. Quando a gente foi para a Austrália, o povo era mais parecido com o da Inglaterra.”
Quanto a compor o ciclo das bandas europeias a ter um nome forte nas questões [de Estado/sociais] e políticas do mundo, tal como U2 ou The Clash, Helders responde, “essa é a minha opinião, mas eu realmente não acho que poderíamos fazer política com rock. A gente só não sabe o bastante disso. Seria paternalista de nossa parte dizer ao mundo a respeito [de política]; nós temos apenas 20 anos.”
Apenas 20 anos de idade, de fato, mas não menos que uma banda de rock promissora. Alguns ouvintes podem considerar que este trabalho de estúdio seja uma repetição do primeiro, mas as verdadeiras joias que virão desta banda não virão quando estiverem com 20, mas imaginem as possibilidades de quando eles tiverem mais cinco anos de estrada.

 

Nota
1 Medida de volume líquido, equivalente a 0,665 litros.

Data: 30/05/2007

Fonte: The Waster

COMENTE!