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ENTREVISTA: Como Alex Turner e Miles Kane reacenderam sua parceria [Live4Ever]

Entrevista exclusiva ao portal Live4Ever traduzido na íntegra.

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Pixado em tijolos vermelhos nas paredes do rock and roll britânico, estão os nomes de uma parceria lendária.
John e Paul. Mick e Dave. Ray e Dave. Morrissey e Marr. Ian e John. Liam e Noel. Parcerias que definiram eras, moldaram futuros; acima de tudo, foram trilha sonora de milhões. De diversas formas, a estória do rock e roll é a estória de amizade, de amor de irmãos, de indivíduos unidos conjurando um toque de magia na música, a qual eles jamais serão capazes de sentir novamente uma vez separados.
Olhe então hoje ao redor, e você descobrirá artistas solos. Pega um pouquinho de produtor aqui, algo de um co-compositor ocasional lá, falta a camaradagem de um amigão de longa data, pouco ou nenhum candidato adequado pra rabiscar em seguida aquela tinta [letra], cuja há muito secou. Para a Millennials [Geração Y], sua maior esperança pode ser Alex Turner e Miles Kane. Ainda sim é uma parceria de uma variedade muio rara, apenas interpondo brevemente em carreiras que para ambos tem trazido sucesso, graças a uma existência muito mais solidária.
Sem desejar negar o impacto de um baterista páreo a ficar ombro à ombro com o melhor baterista, ignorar companheiros de banda que vêm bem desde os tempos de escola, Turner, entretanto, sempre foi o único rosto público dos Arctic Monkeys. Sua própria lacônica poesia à la Cooper Clarke e a facilidade em “artesanar” o inegável som de quatro modestos adolescentes de Sheffield que arrebataram uma geração.
Quanto a Kane, sua carreira tem sido uma saudade pelo centro das atenções. Inicalmente dividiu palco ao lado de The Little Flames, aventuraria-se fugazmente com os The Rascals antes de mergulhar de vez e de forma livre ao mundo solo em ‘Colour Of The Trap‘, de 2011. Em 2013, ele estava atingindo o Top 10 de UK graças a ‘Don’t Forget Who You Are‘. Colaborações vieram e se foram naquela época, mas apenas uma perdurou.
Começando discretamente nos camarins ao longo de uma década, emergiu quase que imediatamente a descoberta de uma nova amizade entre Turner e Kane. Eventualmente, como The Last Shadow Puppets, eles lançariam o álbum ‘Age Of The Understatement‘ para cintilar com louvor em 2008 — confiante, cheio de alma e inclinações barrocas fez desta sua combinação distinta, e ganharam uma cobiçada nomeação ao Mercury Prize.

E então, tudo estava quieto outra vez. Oportunidades vieram; oportunidades se foram. O ‘sincronismo’ nunca esteve preciso. O desejo pela parceria pra reacender de verdade nunca esteve ali. Até agora. Até a fagulha de uma canção. “Pode ter havido um ou outros dois momentos que consideramos,” Alex diz a Live4Ever em uma entrevista exclusiva.

“Nós trabalhamos juntos no primeiro solo dele [Kane] e me recordo que naquela época houve uma discussão —porque estávamos compondo juntos — sobre se ‘devíamos fazer outra vez’. Foi pouco depois do primeiro e apenas não ia funcionar, não parecia o certo. O objetivo desta vez foi — estávamos trabalhando juntos outra vez no que seria seu próximo álbum solo e compomos uma música chamada ‘Aviation’ — que eu tentei um tipo de harmonia e ao ouvir duas vozes vindo em uníssono, foi como ‘você está pensando o que estou pensando!?’
“Você entra no seu próprio ritmo e nós dois estávamos obviamente fazendo nossa própria coisa; ele nos Monkeys e eu fazendo minha coisa — nós dois estávamos gostando delas,” Miles Kane acrescenta.
‘The Age Of The Understatement’ não fora um gesto simbólico. Não foi apenas um álbum dos Monkeys que pegou um extra de Miles. Para dois músicos ainda muito jovens que ostentam o uniforme e penteado de incontáveis bandas atuais que desfrutam de algum sucesso passageiro dos charts de meados dos anos 2000, isto trouxe novas sonoridades e novas influências.
“Foi a primeira vez que eu realmente pensei em ‘cantar’. Definitivamente foi como acessar a uma diferente parte de minha voz que eu não tinha posto pra fora antes. E a primeira vez que eu comecei a escrever letras que não eram tão temporais ou narrativas.”
Cordas sustentam The Last Shadow Puppets. No álbum de estreia, elas eram uma personagem completamente presente; emotiva e profunda e gloriosamente antiquada no single ‘Age Of The Understatement‘ e seu sucessor ‘Standing Next To Me‘, expondo as marcas do clássico Motown dos anos 60. E para todas as conversas de parcerias, as cordas são as impressões digitais de uma terceira parte muito importante da equipe, Owen Pallet. Eles fizeram tocar no novo álbum também.
“Ele é uma parte importante do quebra-cabeça, e ele foi muito competente,” Kane disse a Live4Ever. “Eu quase vejo essas cordas com mais simplicidade que no primeiro álbum. Menos bombástico.”
“De fato, em ambas as vezes, o que tínhamos feito veio à vida graças às suas contribuições,” Turner continua. “O que ele fez desta vez não apenas vincula todas as músicas, mas também traça uma linha de volta àquele último [álbum]. Aquele relacionamento então subitamente fez sentido; porque por muito tempo estávamos preocupados que estava derrapando longe demais e não soava como um relacionamento um com o outro.”

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O relacionamento entre os dois discos é claramente forte. Não só por causa da equipe, ou do som, mas por causa da forma orgânica que ambos vêm a ser. Quando ‘Everything You’ve Come To Expect‘ for lançado em 1º de Abril, não vai ser o resultado de um grande plano, ou de Andrew Oldman trancando-os em uma cozinha pela noite. Em vez disso, será simplesmente o resultado do desejo de compor música juntos, da harmonia que uma música de repente capta e leva os dois a se perguntarem aquela questão crucial, ‘Você está pensando o que estou pensando!?’
“Pra mim, eu sempre pensei que se fôssemos fazer outro novamente, íamos precisar de estímulo como tínhamos da primeira vez,” Turner diz. “Nós tínhamos acabado de nos tornar amigos e estávamos desfrutando da companhia um do outro. Estávamos procurando algo que tínhamos acabado de encontrar, e eu pensei que se a gente ia fazer de novo, íamos precisar de algo novo que vamos procurar depois?”
“Eu percebi que não era o caso, porque tão importante quanto aquele material de referência que foi o primeiro disco, era realmente sobre as músicas em si e nós criando-as juntos.”
É claro que estar de volta sob o disfarce de The Last Shadow Puppets, escrever um acervo totalmente completo pela primeira vez em mais de meia década, tem suscitado um grau de reflexão em sua própria amizade e isto impacta suas respectivas carreiras. Muito mudou desde 2008, é claro. Muito foi conquistado e os caminhos de um monte de outras pessoas foram cruzados, mas o tempo gasto em Malibu e etc parecem ter cementado um entendimento mútuo que para estes dois não há nada como os ‘negócios Shadow’.

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“Acho que compus com mais pessoas e colaborei que Alex fizera sendo solo,” Kane diz a Live4ever. “Aquilo foi ótimo e mostrou-se bom, mas algo que eu e Al escrevemos, ou quando trabalhamos juntos, é diferente. E apesar destas outras coisas serem prazerosas e ótimas, há algo a mais, a consequência definitivamente não aconteceria sem fazer isso juntos. Ele completa as minhas bordas quando cantamos juntos.”
“Eu realmente não tinha feito isso com ninguém,” Turner conclui. “Quero dizer, eu compus com os Monkeys, mas é de uma forma diferente. Penso em quando as pessoas falam sobre que quando irmãos cantam juntos algo acontece com a harmonia, e eu sinto que tem um pouco disto. Encaixa-se com duas vozes juntas.”
Que nos deixa com uma grande questão para o futuro: quando virá a próxima fagulha? Outros oito anos? Semana que vem? Amanhã? Nunca? O que aparenta é que a última pessoa a perguntar são provavelmente Alex Turner e Miles Kane, estabelecidos como são nesta grande parceria única de songwriting (compor e tocar), aceitam revelar o seu melhor além de contentes a permitir florear e desenvolver isto em seu próprio ritmo.
Nós podemos apenas esperar que realmente venha. Que mais discos surjam e por conseguinte algum dia, no futuro, seus próprios nomes serão considerados dignos a se sentar lado a lado daqueles que vieram antes deles.
Tem bastante tinta na lata, e certamente bastante espaço de sobra na parede.

 

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