Header

AM, Indie, Josh Homme, Drake e amêndoas – Arctic Monkeys para Pitchfork (2013)

Após sua melhora nos charts americanos com o novo CD AM, a banda britânica fala sobre seus heróis (Josh Homme), vilões (amêndoas), e Drake.

10

Entrevista traduzida da Pitchfork, pela AMBR, 19 de setembro de 2013.

Quando se trata dos Arctic Monkeys comparar seu sucesso astronômico no Reino Unido com o americano, o líder da banda Alex Turner fica sem ar. Literalmente. Enquanto conversamos sobre o assunto no saguão do Nova York Bowery Hotel no mês passado, o vocalista equivocadamente engole uma amêndoa – e fica momentaneamente irritado. “Amêndoas podem desaparecer” diz Alex com um sorriso irritado, recuperando o fôlego enquanto bebe um longo gole da sua bebida para engolir a noz problemática. “Eu estou desenvolvendo uma aversão à elas, são secas pra caralho”

Na verdade, cerca de uma década após sua formação no começo dos anos 2000, os nativos de Sheffield acabam de alcançar sua posição mais alta no chart americano com o seu quinto álbum, AM, curvando-se na posição 6 na contagem desta semana. É uma apropriada reviravolta de eventos desde que a banda passou a morar em Los Angeles, que bem mostra: sentados diante de mim, tanto Turner quando o baterista Matt Helders, exibem tipos de bronzeados que são incompreensíveis para a maioria dos britânicos. E seus fascinantes estilos pronto para vestir é uma reminiscência de um desbotado encarte de um álbum rock de garagem dos anos 60, o estilo teddy-boy escolhe uma reflexão apropriada no deserto movediço do rock que traz o CD AM.

O visual é tanto de uma admirável postura quanto a dos meninos que deixaram seus cabelos crescerem e ligaram a máquina de fumaça durante a turnê de 2009 para o stoner-rock Humbug, um álbum que foi visto como um desvio no seu lançamento, mas agora joga com o primeiro passo para o atual estado de espírito criativo da banda. Falando sobre esse álbum agora, Turner diz: “Isso é quando nós realmente começamos a ficar interessante”

Embora os perfeitos chapéus e acessórios sugerem um rock ‘n roll invencível, o impecável senso de auto-crítica dos Arctics ainda está lá. É uma peculiaridade que excelentemente assola os românticos agressores de AM, bem como a própria banda: ao longo da nossa conversa, os dois membros decididamente combatem a fatiga rock-star para criar um momento leve, dão algumas risadas, e exalam um certo nível de desinibição – até admitirem que, sim, eles ainda se arrependem do nome.

“Eu teria chamado o nome álbum de Arctic Monkeys se não nos chamássemos Arctic Monkeys — é um nome tão horrível” disse Turner com uma risada “Eu estava sentado ao lado de uma garota no avião outro dia, uma oradora de Latim. E ela perguntou ‘Qual é o nome da banda?’ e foi muito difícil de contar a ela. São duas palavras que não deveriam estar juntas.

Pitchfork: O fechamento de AM “I Wanna Be Yours” traz uma letra escrita pelo poeta punk britânico John Cooper Clarke. Como você se relaciona a ele como um artista?

Alex Turner: Você nem quer escutar a letra que eu estava escrevendo antes de conhece-lo – absurdos sem sentido. Eu costumava trabalhar em um bar em Sheffield onde as bandas tocariam sete noites por semana em um lugar com capacidade para 500 pessoas; uma noite era das bandas independentes, e a outra noite era uma banda tributo ao Thin Lizzy. The Fall tocou uma noite, e Clarke abriu para eles. Eu estava servindo pints e ele caminha, usando pequenos óculos azuis e seu cabelo bagunçado, e puxa um saco plástico com um papel e começa a recitar Chickentown. Isso me impressionou. Eu ainda estava servindo a cerveja, Guinness derramando para todo lado. Foi um momento raio de luz.

Eu o conheci mais tarde naquela noite. Isso foi logo quando tínhamos acabado de começar, antes mesmo de sabermos que tipo de banda seríamos. Muitas pessoas têm ideia de que música elas querem fazer e elas vão e fazem, mas nós começamos a banda para ter algo para fazer e só depois descobrir o que faríamos – e possivelmente ainda estamos tentando descobrir. Mas quando eu contei a Clarke o nome da nossa banda, ele foi a única pessoa que disse “É um ótimo nome. É um retrato de trauma”

Pitchfork: Mais do que qualquer outro álbum do Arctic Monkey, AM parece ser especialmente focado em mulheres.

Alex Turner: É tudo sobre garotas. Eu não posso me ver escrevendo sobre montanhas ainda. Eu ainda insisto sobre as mesmas coisas que eu insistia no começo, eu acredito, mas talvez eu esteja dirigindo diferente agora. Mesma história, diretor diferente.

Pitchfork: “Do I Wanna Know?” me lembra a música Marvin’s Room do Drake.

Alex Turner: Por que é uma música sobre ficar bêbado e ligar para sua antiga garota? Eu tenho certeza que Drake e eu não somos as únicas pessoas a ter feito isso.

Pitchfork: Josh Homme do Queens Of The Stone Age, que co-produziu Humbug, canta alguns back vocals no AM – o que você diria que foi a coisa mais importante que você aprendeu com ele ao longo dos anos.

Alex Turner: Utilizar a pausa dramática foi a coisa mais significativa que Queens Of The Stone Age nos ensinou. Se eu pudesse tocar guitarra igual ao Josh, eu tocaria, mas eu não sei como ele consegue o que ele faz. Sua mente trabalha ao reverso, eu não consigo tocar nada assim.

Pitchfork: Quando o Arctic Monkeys começou, a tag indie rock circulou muito por aí, o que é engraçado considerando o nível de popularidade que vocês alcançaram.

Alex Turner: Uma vez alguém me disse, “Vocês são a banda indie que os rappers e bandas de metal gostam.” Eu acho que tem um pouco de verdade nisso. Eu não sei se “banda indie” é algo que qualquer banda deveria se classificar, no entanto. Para esse álbum, eu nem pensei em nós como uma banda de qualquer modo – nós nos tornamos muito mais que isso. Eu não quero estar confinado ao que uma banda pode oferecer.
Para esse álbum, eu nem pensei em nós como uma banda de qualquer modo – nós nos tornamos muito mais que isso. Eu não quero estar confinado ao que uma banda pode oferecer.
Alex Turner

 

Pitchfork: Em termos de popularidade, parece que a música rock está experimentando uma baixa temporada na cultura popular, especialmente nos Estados Unidos.

Alex turner: Você está absolutamente certo. No final dos anos 90, todas bandas que tocavam na nossa vizinhança tinham 35 anos ou mais, então nós escutávamos Roots Manuva e Dr. Dre. Ultimamente parece similar. Não existem muitas bandas que me empolgam no momento. Nós estamos aqui no entanto! (risos)

Pitchfork: Qual foi a maior mentira que vocês já contaram para evitar de serem reconhecidos?

Matt Helders: Nós estávamos em algum lugar na França, e o barman perguntou o que fazíamos. Eu disse a ele que estávamos viajando pela Europa testando as melhores piscinas de hotéis do mundo. Felizmente, eles não tinham uma piscina naquele hotel que o barman estava trabalhando. Ele disse “Nós estamos esperando ter uma piscina por aqui em breve”

Faena Hotel, Argentina

Faena Hotel, Argentina

Pitchfork: Qual foi a melhor piscina que vocês já conheceram?

Matt Helders: Houve uma na Argentina que tinha uma coroa gigante no meio dela, por alguma razão. Era um chafariz de coroa gigante.

Alex Turner: Uma crowntain.#

 

COMENTE!