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Como Monster Trucks, Stanley Kubrick e os Strokes inspiraram o novo álbum dos Arctic Monkeys

Zackery Michael

 

Tranquility Base Hotel & Casino é o sexto álbum dos Arctic Monkeys, mas o primeiro desde a compilação de roqueiros guitarristas britânicos de 2013 que foi o disco de platina AM. Alguma vez o cantor, guitarrista e principal compositor, Alex Turner, pensou que o projeto anterior seria o último da banda?

 

“Nah, eu acho que sabíamos que sempre havia um outro”, diz Turner. “Havia um outro vindo de uma forma ou de outra”.

 

A peculiar rota tomada por Turner e seus três companheiros de banda – o guitarrista Jamie Cook, o baixista Nick O’Malley, o baterista Matt Helders – rendeu resultados inesperados. Escrito e originalmente gravado por Turner em sua casa em LA, Tranquility Base Hotel & Casino (a ser lançado em 11 de Maio) frequentemente deixa em primeiro plano os teclados ao invés de guitarras e, como o título indica, mostra um aparente fascínio por ficção científica, mais obviamente na música “Science Fiction”. O tema é mantido com a capa do álbum, que mostra um modelo arquitetônico de uma estrutura futurística feito por Turner. O resultado representa um considerável salto criativo desde o AM, o mais bem sucedido lançamento americano da banda até o momento. Como explica Turner, ele é mais interessado na contínua evolução musical do quarteto que em bajular os fãs.

 

“Eu não pensaria que essa é a primeira vez que algo que fizemos possui diferenças significativas em relação ao último álbum que lançamos”, diz ele. “Eu me lembro de uma sensação parecida antes do AM, comparando ele ao álbum anterior. Aparentemente houve um deslocamento ali também e acredito que isso seja verdade agora também. A essa altura, acho que eu estaria preocupado se não estivesse sentindo que algo havia mudado, especialmente dado que estavam completando cinco anos desde o lançamento do último álbum. Sim, acho que eu estaria mais preocupado se nada tivesse mudado.”

 

Abaixo, Turner fala um pouco mais sobre a gênese do álbum além de sua intrigante frase de abertura – e porque você nunca o verá tocando um Saxofone tão cedo.

 

ENTERTAINMENT WEEKLY: Você poderia falar sobre o processo de composição do novo álbum?

Alex Turner: Eu ganhei um piano no meu aniversário de 30 anos. Para marcar a origem desse projeto, eu concluo que foi a chegada do piano no meu estúdio em casa. Estar sentado em frente a um piano me ajudou a inventar uma perspectiva diferente a ser tomada na composição, não só das músicas como das letras – se é que isso faz sentido algum!

ENTERTAINMENT WEEKLY: “Star Treatment” faz referência aos Strokes na frase de abertura (“Eu só queria ser um dos Strokes/Agora olhe a bagunça que você me fez fazer”). O que passava pela sua mente quando você escreveu aquilo?

Alex Turner: Foi algo que eu pensei em retirar um pouco depois. Eu me sentei em frente ao piano e comecei a compor, mas o plano era que isso iria apenas me fazer dar a largada inicial, me levar ao próximo lugar, e aí eu entraria na coisa em si mesmo. Mas me ocorreu, quando eu voltei por aquela parte, que uma frase como aquela estava exatamente no lugar onde deveria estar. Acho que tem a ver com o passar do tempo e a ideia de, onde foi parar todo aquele tempo? Acho que eu estou tendo uma conversa comigo mesmo, realmente, e dizendo, “Olha onde você fez a gente se meter”.

ENTERTAINMENT WEEKLY: E onde você se meteu?

Alex Turner: Eu não sei. É sobre isso que eu estou refletindo!

ENTERTAINMENT WEEKLY: O que exatamente o nome da faixa que dá título ao álbum significa?

Alex Turner: Na realidade, Tranquility Base é o sítio do primeiro pouso na lua. Mas se na realidade estamos falando sobre um complexo de hotel-casino na lua é algo que pode ser debatido. Eu gosto da ideia de dar o nome de um lugar para o álbum. Não é algo que eu tenha feito antes, mas eu considero vários dos meus álbuns favoritos como sendo lugares que você pode visitar.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Existem várias referências à ficção científica no álbum. Isso é um interesse particular seu?

Alex Turner: Acho que provavelmente se tornou um. Não acho que era tanto assim, mas nos últimos dois anos talvez tenha sido trazido ao foco um pouco mais. Pode significar várias coisas, não pode? Acho que eu não tenho lido tanto assim sobre ficção científica pra ser sincero. Nos filmes, O Mundo Por Um Fio de [Rainer Werner] Fassbinder foi algo que eu estava assistindo quando comecei a trazer o léxico da ficção científica a essa coisa toda. Acho que também com a arte do álbum, tem essa fotografia em um livro do Stanley Kubrick que eu tenho, de um homem sentado no chão com uma lata de tinta nas mãos, decorando o Hilton Space Station V do set de 2001, e ele tem tipo um martelo ao seu lado. Aquilo foi realmente inspirador.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Você viu que a NME recentemente elencou os títulos das músicas em ordem de “mais malucas”?

Alex Turner: Eu ainda tenho que descobrir isso.

ENTERTAINMENT WEEKLY: “The Ultracheese” foi eleita a primeira do ranking, mas eu teria escolhido “The World’s First Ever Monster Truck Front Flip”.

Alex Turner: Isso foi literalmente uma notícia que eu não pude resistir e cliquei cerca de um ano atrás, e eu não pude resistir a colocar o nome de uma música assim. Estava lá à minha disposição. Nos estamos exatamente vivendo em um mundo onde estão dando saltos mortais adiante com Monster Trucks.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Você parcialmente gravou o álbum no La Frette Studios na França. Como foi a experiência?

Alex Turner: Realmente excelente, algo que eu gostaria de fazer de novo. Foi realmente um momento especial pra gente, por que parece que faz um bom tempo desde a última vez que passamos por esse tipo de seções de gravação onde você vai, e você de certa forma mora nos quartos ao lado do estúdio, ou o que quer que seja, e você está tipo completamente nisso, durante o dia todo, todos os dias. Vocês acordam e tomam café juntos. Nós nos divertimos muito lá. Até aquele ponto grande parte do trabalho que eu tinha feito para o álbum, eu tinha feito sozinho. Eu tinha feito uma série de gravações antes da França sozinho, e ainda que um pouco daquilo forma o que estamos ouvindo como um álbum agora, a energia do resto da banda foi o que realmente capturamos na França, e isso trouxe o álbum à vida.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Então se alguém te der um Xilofone no seu próximo aniversário, devemos esperar que isso esteja no próximo álbum dos Arctic Monkeys?

Alex Turner: Bom, acho que devemos nos preocupar com o Saxofone, não é mesmo?

ENTERTAINMENT WEEKLY: Eu consigo imaginar você com um Saxofone.

Alex Turner: Não sei. Pode ser que tenhamos que estabelecer um limite.

 

Fonte : Entertainment Weekly

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