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ENTREVISTA/ARQUIVO: “Não acho que estávamos preparados para sermos famosos”

Entrevista de 2012 da revista NME, uma das 8 capas diferentes em comemoração aos 60 anos do veículo informativo.

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Estamos desde lá do começo com os Arctic Monkeys, acompanhando a divulgação pelo mundo desde àquelas apresentações em pubs. Alex Turner e Matt Helders conversam com Barry Nicolson durante o passeio.

Então, vamos começar pela sua primeira capa NME. Você disse que vocês estariam no monte de sucata num ano…

Alex: Ah, meu cinismo espumante de quando jovem!
Matt: É, me lembro de comprá-la quando ‘tava na faculdade. Eu entregava ela nas minhas entregas de jornais também.¹
Alex: Aos 15, 16 anos costumávamos pegá-las o tempo todo. E não foi muito antes de quando estivemos ali [capa]. Foi um bom negócio.

Vocês estavam bem, devemos dizer, desconfiados da imprensa naquela época…

Alex: É (risos).

Vocês estavam apreensivos quanto à capa, não estavam?

Alex: Havia um sentimento de que as coisas estavam movendo-se muito depressa naquele período, e ao fazer isto aceleraria ainda mais, ao ponto de onde chegaria nalguns meses? Ainda bem que as rodas não saíram fora. Mas à época nós realmente fizemos isso. Acho que estávamos muito contentes de estar na capa de uma revista.
Matt: É, bem quando começamos, eu não acho que estávamos preparados para sermos famosos. Não é que tínhamos algo contra as pessoas, era mais apenas tentar nos salvar de sermos famosos. Era uma mentalidade adolescente.

A primeira capa de Nick veio no que tinha sido um ano turbulento pra você. Após a partida de Andy Nicholson, o futuro da banda estava em constante incerteza?

Matt: Foi uma época assustadora. Se não tivesse sido Nick quem substituíra Andy, teria sido bem diferente. Foi sempre importante para nós preservar o fato de que éramos amigos, que conhecíamos todos uns aos outros. Conhecíamos Nick mas, mesmo depois, estávamos inseguros das coisas por um tempo.

Como Nick aclimatou-se² à vida na nova maior banda do mundo?

Matt: A primeira entrevista de TV dele foi com Zane Lowe e a primeira pergunta para Nick foi, “Como que é ganhar na loteria?” De noite, ele foi do trabalho na Asda [supermercado] para sair em turnê.
Alex: Sua primeira grande apresentação foi na América, mas não foi muito antes de fazermos o Reading and Leeds. Foi um turbilhão para ele.

Vamos falar sobre a entrevista do “Favourite Worst Nightmare”. Aquele com as máscaras vitorianas…

Alex: Oh, essa é terrível! Eu não sei o que o que acontecia lá, é. Todas essas outras parecem toleráveis, mas as máscaras…

Drogas, garotas, a perda de sua virgindade… aquela entrevista ficou bastante pessoal.

Alex: Tudo bem. Foi por aí então que parei de ler nossas entrevistas. Não por causa dessa em particular, mas não tenho lido nenhuma que fizemos desde mais ou menos essa época. Acho que essa talvez tenha ido longe demais. Mas é isso que você supostamente faria no seu trabalho, não é? Fazer perguntas difíceis.

Alguma daquelas perguntas te deixou de irritado?

Alex: Apenas a maioria delas… não, tô brincando. Éramos bem mais fáceis de irritar antigamente. Ficamos putos com o cara que nos entrevistou para o nosso artigo da Radar [revista]. Estávamos completamente viciados no Pro Evolution Soccer naquele momento. Ele estava no nosso ônibus de volta a Sheffield e quando Chris McClure e Helders pausaram uma partida para carregar os amplificadores para o cômodo de ensaio, ele ‘despausou’ e fez um gol. Nunca mais confiamos em você.
Matt: Eu me lembro de ser entrevistado sobre o meu álbum “Late Night Tales”. Eu disse algo que foi tirado do contexto e a manchete era “Eu quero ser o próximo Eric Prydz”³. Eu não sei o que eu disse para fazê-lo pensar aquilo, mas é terrível que as pessoas possam de verdade pensar que era verdade.

As fantasias de duende, Natal de 2007: vocês se recordam delas com carinho?

Alex: Gostávamos de arranjar nossas próprias vestes. Havia um conversa da gente estar fazendo aquela capa com a Amy Winehouse, o que nunca levou a nada, e por uma razão ou outra, acabamos como duendes. Acho que o Jamie estava em mudança de fantasia mais ou menos naquela época. O Natal é a época para se fazer coisas assim, não é? Algo para nos disfarçar do fato de estarmos numa capa de revista, aquela foi a pretensão então. Conquanto que agora somos só uns completos posers.

“Humbug” é o único álbum de vocês a ter menos de 9/10. Vocês sentem que ele foi injustamente caluniado?

Matt: É, mas eu consigo entender o porquê. Temos sempre desejado fazer discos diferentes todas as vezes, mas pra nós, não para um alguém qualquer. Compreendo porque as pessoas estavam surpresas por ele, mas simplesmente tinha de ser feito. Era uma experiência pela qual a gente tinha de passar. Podíamos então produzir alguma coisa depois daquele disco. Estamos todos muito orgulhosos dele.

Alex, você mencionou antes que sua família arquiva todas as suas capas antigas da NME. Tem algo que você disse na revista que já te deixou em maus lençóis?

Alex: Eu acho que não. Não. Eles sabem não levar ao pé-da-letra. Mas é isso o que nos deixou desconfortáveis, naquela época. Por causa que éramos muito jovens, foi um pouco preocupante. Nós sempre tentamos não deixar nada em aberto; esse é o tipo de pessoas que somos. Não somos tão capazes de nos abrir completamente para os entrevistadores e contar-lhes todos os nossos segredos.

Finalmente, vocês ganharam um 2º NME Awards. Que diabos vocês fazem com todos eles [prêmios]?

Matt: Eu num tenho nenhum deles! Eu acho que nosso antigo gestor de turnê tem alguns. Acho que tem um na casa da minha mãe, mas não acho que ela gostou do dedo do meio, então não ‘tá à mostra.

 

Notas
1 Aparentemente Matt Helders antes da banda trabalhara entregando jornais.
2 Aclimatação ou aclimatização são termos gerais usados para descrever o processo de um organismo ajustar-se a mudanças em seu habitat. Logo, a palavra faz uma brincadeira com a adaptação de Nick num novo habitat.
3 Eric Prydz é um DJ e produtor sueco. O disco “Late Night Tales” de Matt Helders é um disco produzido por ele com seus remixes de algumas canções. Matt é bastante aficionado por música eletrônica, inclusive a estudou. O disco foi lançado em 2008.

 

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