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Tradução de “A Choice of Three”, historieta por Alex Turner

“A Choice of Three” escrito e lido por Alex Turner, presente no disco de dj-mixes de Matt Helders, Late Night Tales: Matt Helders, lançado em 2008. Abaixo, video e tradução feitos pelo site.

 

UMA ESCOLHA EM TRÊS

No túnel, percebi que tinha uma escolha em três.
Enquanto pensava que era muita gentileza me oferecerem isto, perguntei-me se elas percebiam tamanho dilema a que estavam enviando para me confrontar. O problema era que se eu olhasse para o seu reflexo na janela à esquerda, perderia sua imagem e reflexo atual na da direita. E se olhasse para a direita eu teria o mesmo problema, mas ao contrário. A princípio, pensei que provavelmente deveria escolher um dos espelhos, como se em breve fossem desaparecer, mas a ideia rapidamente esmoreceu e minha atenção foi atraída de volta para o centro, ocasionalmente verificando ambos os lados.
Devo dizer que questionei a autenticidade de seu cochilo a alguns minutos. Assim que o trem deixou Loughborough, suspeitei que podia ter sido um artifície para evitar uma conversa. Eu mal tinha considerado isso um só instante, e no entanto, quando uma houvera uma respiração pesada e um som de sorver, que percebi que seria embaraçoso demais para disfarçar, levou-me a concluir que seu cochilo não era fraudulento. Descobri dificuldade em concentrar-me no que fosse enquanto você desmoronava sob seu casaco.
Em deleite, que tínhamos esperado até esta hora para viajar, de modo que o sol da manhã teve sua oportunidade para saltar por aquelas bochechas adormecida; porém enervado pela perspectiva de ser removido do assento oposto ao seu. Sabia que estava reservado, mas esperava que seja quem o tivera reservado, que tivesse desistido. Parecia que hoje eu estaria com sorte; o trem não estava tão ocupado, mas levei um momento para recordar um tempo quando eu fora menos afortunado. Recordei com fria vivicidade de nós à caminho de Brighton. Sabia que era destinado a ser dele o assento tão logo o vi na plataforma, abrindo o zíper, checando, fechando-o e reverificando as coisas.
Algo no rosto dele sugeria que por anos ele tivera um bigode e não o tinha mais uma vez que o removera. Ele não ia pensar duas vezes em eliminar-me, especialmente considerando que teria então a chance de sentar-se com você. Embora sua caminhada de marcha-botas até o vagão tivera sido deveras revoltante, não foi isso que fizera minhas mãos tensionarem-se em garras azedas de náusea.
E assim ele disse:
“Você está no meu assento.”
Sem “com licença”, sem a incerteza polida, apenas o fato rígido e hediondo. O baque com o qual aterrou-me, expeliu toda a minha preparação. Antes de me lembrar de meus planos para fingir estar adormercido, surdo, francês, ou apenas sentado ali pois alguém estava em meu assento, eu já estava a caminho de encontrar uma outra vaga.
Acabei residindo, infeliz, ao lado duma garota com traseiro de garoto. Soube porque ela passou caminhando de muito longe quando retornara ao que eu pensei ser dois assentos vazios, quando eu mesmo me sentei ali. Fiquei inquieto até nosso encontro na plataforma, onde você brutalmente me informou que “Na verdade, aquele homem era bastante agradável.”
Hoje, pensei que seria melhor ter a certeza de que aquilo não poderia acontecer outra vez e tirei o ingresso do topo do meu assento. Custou poucas tentativas e a fachada de pendurar o casaco para finalmente estar-se completo. Eu estava terrivelmente cauteloso. Há uma ameaça de punimento esses feitos, bem tanto compreendo, mas tais algemas estavam por detrás de minha mente conforme eu esmagava a restrição em meu punho oculto. Curvando-se e apertando-se, como se fosse uma fera à caminho da beira-mar.
Felizmente, não houve retribuição. Se tanto, o trem ficou mais silencioso conforme a jornada continuava.
E assim, no túnel, incapaz de decidir, minha cabeça folheou essa trilogia de ângulos, anjo após ângulos, até estarmos fora, do outro lado.
Meu frêmito frenético, sem dúvida, fez o homem na mesa do lado ao menos semicerrar os olhos, imagino.
Não sei ao certo.
Não tinha tempo para adicioná-lo ao ciclo.

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