Header

ARTIGO: Ian McAndrew, empresário do Arctic Monkeys, fala de sua relação com a banda

McAndrew está muitíssimo orgulhoso de um grupo de jovens perspicazes de High Green, Sheffield.

Ian McAndrew

Qual seja sua definição de sucesso no ramo da música, a carreira do Arctic Monkeys é algo a ser contemplado.
Seu álbum seminal Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not tornou-se platina quíntupla no UK. No lançamento, o LP atingiu o nº1 de seu país natal assim como na Australia — e alcançou o pico da Billboard Independent Chart nos Estados Unidos.
Desde então, o grupo lançou mais quatro álbuns aclamados, evoluindo seu som através da visão irônica de melodrama adolescente, riffs de Deep Purple, ótimas músicas de post-punk e, o mais recente estrondoso AM, mesmo com G-funk e batidas de hip hop.
McAndrew esteve lá aconselhando e aplaudindo a cada passo da jornada.
Entretanto, o empresário admite que nunca teria conhecido a banda não fosse por sua lealdade a um dos seus conhecidos do ramo da música.
“Durante um tempo no início dos anos 2000, Colin e eu estávamos criando uma gravadora chamada Wildstar, uma parceria com Telstar,” recorda.
“Eu assinei com um grupo de Sheffield chamado Sea Fruit, liderado pelo cantor Geoff Barradale e seu co-compositor Alan Smyth. Uma das músicas, ‘Looking For Sparks’, entrou nos charts, mas falando no geral, nada mais vingou.”
“Fui avisado pelo comando da Telstar que nós não tínhamos atingido os números e tivemos de largar a banda. Foi um verdadeiro desapontamento pessoal.”
McAndrew disputou com a Telstar para assegurar que Barradale e Smyth estavam recebendo seus direitos, e até mesmo lhes entregou um pagamento adicional de despedida de sua conta pessoal.
Geoff Barradale não se esqueceu disso.
Alguns anos depois, Barradale entrou em acordo com McAndrew para sondar música no norte do UK — e descobriram a banda de uma geração.
“Colin e eu nos dirigimos para ver os Monkeys nesse pub em Sheffield,” recorda McAndrew.
“Foi um um pouquinho estranho mas excitante, e tinha uma boa plateia. Batemos papo com a banda depois da apresentação, mas eles não eram muito de conversar.”
“Nós lhes dissemos: ‘Pagaremos a vocês para irem uma vez no mês ao estúdio do Alan Smyth gravar duas ou três músicas.”
Na primeiríssima sessão, eles gravaram I Bet That You Look Good On The Dancefloor e When The Sun Goes Down; ainda jovens dos grupos de festival de verão (e forçando-os a dançar) uma década depois.

Visite hoje a casa de McAndrew, e você encontrará na parede um email famoso — um que foi enviado aos Arctic Monkeys tarde da noite naqueles meses de inexperiência.
Informava a Turner, Helders e cia o quão empolgante suas primeiras demos soavam, seu ex empresário golpeador de címbalo sentia a batida “um pouquinho inebriante”.
“Eles literalmente nunca me deixam esquecer,” diz McAndrew. “Eles moldaram isso e me deram como presente ao esgotar seu primeiro [show] Cambridge Corn Exchange.”
“Foi muito divertido e extremamente embaraçoso, tudo de uma só vez.”
Vire a contra capa, contudo, e você vai encontrar mais sobre o emblema revelador da estrita relação de McAndrew com a banda: uma peça manuscrita de garantia dum jovem Alex Turner deixando seu protetor a par de sua brincadeira autenticamente inofensiva — não uma nota de renúncia.
“Isso diz tudo sobre o Alex,” diz McAndrew. “Ele é uma alma sensível — sempre foi.”
Com a publicidade no UK, gravadora e — acima de tudo — fãs de música surtando com a ascenção súbita dos Monkeys, Wildfire tinha uma dura decisão a fazer.
“Eu me lembro daquela apresentação onde Amy Winehouse assistiu acima do Garage, em Londres — muitos caras da A&R estavam lá,” diz McAndrew.
“Precisávamos de um plano. E aquela foi a noite que Geoff e eu pensamos: vamos fazer nosso próprio disco.”
Aquele disco se tornou Five Minutes With Arctic Monkeys, unicamente distribuído pela própria gravadora da banda, Bang Bang.
Uma tiragem limitada de 1,500 cópias foram impressas — 1,000 CD/ 500 vinil, que se esgotaram em pouco tempo.
Quinze anos depois, McAndrew desgastara seu sapato de couro batendo-o nas portas de grandes gravadoras — Lucian Grander incluída — e as coisas mudaram de verdade.
“EMI, regida por Tony Wadswort naquela época, estava realmente interessada nos Arctic Monkeys,” revela McAndrew. “Nós gostávamos dele e tivemos que ter um contrato de estágio.”
“Uma das razões que nós começamos as discussões com EMI foi que a banda sabia quem eles eram. Lidar com uma companhia britânica bem conhecida foi reconfortante para eles.”
O que não foi tão reconfortante para McAndrew e Barradale foi seus instintos.
Ainda antes de outra apresentação esgotada, desta vez em Nottinghan, o duo compartilhou comida chinesa com a equipe da EMI, que tinham vindo em peso.
“A banda não veio para o jantar, é claro, demonstrando sua completa falta de interesse nas coisas de negócios, naquela época.” diz McAndrew.
“Eu me lembro de dirigir mais tarde naquela noite com Geoff e dizer: ‘Algo não parece certo nisso. Não está do jeito certo.'”
Em sua volta a Londres, McAndrew fez uma coisa sensível: ele chamou Laurence Bell, chefe da Domino, e lhe perguntou se estava interessado em desenvolver um acordo.
“Laurence veio até os escritórios da Wildfire, nós sentamos e desenvolvemos um contrato simples em poucas horas,” diz McAndrew. “Não houve complicação e imediatamente me senti bem.”
“Desde sempre Domino tem sido brilhante. Deram completa liberdade a banda, mas eles também forneceram grandes ideias.”
“Eles são completamente sensíveis, compreensíveis, respeitosos e solidários. E, em particular no AM, eles têm demonstrado que podem ter sucesso no mundo todo.”
Ah, sim. AM.

Arctic-Monkeys-AM-official-packshot
Lançado em setembro de 2013, é outro quebrador de recordes, encabeçando não menos que quatro charts da Billboard nos Estados Unidos — e fazendo dos Monkeys os primeiros artistas independentes na história a conseguir cinco álbuns consecutivos em nº1 no UK.
Claramente, o respeito recíproco entre a banda e seu empresário é mais forte que nunca.
Mas o que fez os Monkeys adolescentes e rabugentos depositarem de volta sua confiança na decisão produtiva de McAndrew quando ele desdenhava a EMI; uma das mais poderosas companhias da Terra?
“Eles confiaram em si mesmos,” ele responde com ironia. “Apesar de serem jovens, eles tinham uma capacidade muito intuitiva e instintiva de determinar o que era certo e errado.”
“Lembro de dizer animado: ‘A gente devia fazer Top of the Pops!’ E eles todos disseram: ‘Não.’
“Pensando bem, aquila foi a coisa certa.”
Ele acrescenta: “A banda nunca se preocupou genuinamente com sucesso comercial. Eles realmente não se alvoroçaram.”
“Tudo no que se alvoroçaram foi em fazer música e se divertir com sua turma de companheiros.
“Honestamente, você não consegue predizer o que pode acontecer a seguir com os Arctic Monkeys; eu aprecio esse elemento de surpresa. Mas seja o que fizerem, você nunca perde a fé, principalmente em Alex como compositor.”
“Suas habilidades, em especial seu lirismo, tem crescido o tempo todo.
“Ele é compositor especial. De meus anos de publicação, sei melhor que muitos que este é um dom raro.”

Fonte: Monkey Business Worldwide

COMENTE!