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ARTIGO: Especialista analisa mudanças de sotaque de Alex Turner [NOISEY]

Especialista fala sobre a constante mudança de sotaque de Alex. Matéria do site NOISEY.

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Era meados de 2013 quando as piadas sobre o sotaque de Alex Turner começaram a surgir. Os Arctic Monkeys tinham acabado de abrir a noite de sexta-feira no Glastonbury, mas em vez das massas que se regojizaram ao sinal de ouvirem “R U Mine” – saíram da Pyramid sobre 100.000 rostos brilhantes — a maior lembrança da noite fora o esquisito sotaque de Alex, que soou um pouquinho como Sean Bean fazendo uma impressão de Bill Clinton mirando com uma arma nalguma coisa pela manhã.
“Que porra é o sotaque do Alex Turner, cara?” escreveu uma pessoa no Twitter, que você realmente não conhece ou se importa, mas para proposta deste artigo irei apresentar com o rosto severo do público geral. “Ele é como Elvis de Sheffield,” escreveu outro. “Ele está agindo como um cantor romântico dos anos 50, aposto?” disse mais um outro. “Não é intencional,” dissera Turner, sobre aprender com as críticas. É claro que ele diria isso.
Ao contrário de Iggy Azalea, que fez uma mudança tática do australiano para o americano como um simples movimento de marketing para abarcar um público mais amplo, a voz de Turner continua a se metamorfosear e sofrer mutação em múltiplas maneiras, ao ponto onde ele se tornou um tipo de variedade de estilo de Jones do Academia de Polícia.

Um momento conversando com um mal humorado do sul de Yorkshire, depois como se ele estivesse tomando sol na Long Beach, a seguir como se ele estivesse fazendo testes para Marte Ataca!. Após ouvir Turner sendo entrevistado para o novo álbum do The Last Shadow Puppets, Jamie Milton do DIY descreve sua voz como, “tudo e nada ao mesmo tempo.” Um pouco como Joss Stones quando ela apresenta o Brit Awards a James Morrison, em 2007.
Então, a voz de Turner tem se tornado algum tipo de experimento de áudio surrealista? Será que ele traiu suas raízes nortenhas para soar mais acessível? Ou ele não teria mudado um pouquinho e estamos todos sendo sedentos, porque nada mais acontece na internet hoje?
Bem, pedimos a uma especialista em voz e sotaque britânico e professora Marina Tyndall para lhe perguntar: Marina, o que está acontecendo?

Noisey: Marina, você é fã do Arctic Monkeys?
Marina: Eu sou inteiramente neutra a Arctic Monkeys, embora alguns poucos cantores e rappers que eu goste, exibam o mesmo comportamento de mudança de sotaque sob discussão aqui. Pessoalmente, eu amo quando pessoas brincam com suas vozes e fazem coisas novas e divertidas sair de suas bocas. Mesmo se tais coisas nem sempre são planejadas, e são por vezes divertidas por razões incorretas. Porventura, especialmente depois.

Primeiro, vamos conversar sobre o sotaque original de Alex Turner? Começando com este vídeo.

Bem, neste trecho ele soa exatamente como eu esperaria do falar de um jovem rapaz de Sheffield. As tão faladas vogais “planas”, ou meio planas, nos OH de “I suppose so,” os EH de “I could play a minor,” e os OW de “around” e “about”. Há paradas guturais no lugar de vários finais de ‘tes’ (t), e a marca registrada de forte ge (g) em muitos finais de palavras com ‘ng’, tal como em “songs.” Acompanhado das características tradicionais de Yorkshire, tais como “mek e tek” para “make e take,” nós temos um marca mais moderna de Sheffield com sua vogal OR bem aberta em palavras como “before.” Tem também uma fala superficial do TH frontal — onde um TH resvala a um F — em “something to do” e “two thousand and six.” Eu particularmente gosto da parte onde ele avança em um monte de sílabas numa rápida cadeia densa em “Idon’tknowtheanswertothat.”

Agora, vamos ver a este infame discurso de aceitação do Brit [Awards]. Como ele veio a soar como um velho cáuboi contando estórias ao redor de uma fogueira no deserto?

Seu discurso de aceitação do Brit na realidade mostra muito pouco da mudança de sotaque sem os elementos básicos das próprias vogais e consoantes. Ele abre uma “aba” em algumas dessas frases como “in which it exists” e “better than ever,” mas essa característica, isolada, não é unicamente um inglês norte americano — parece uma abundância de sotaques contemporâneos do UK. E ele dificilmente poderia soar mais Sheffield em “make its way back through the sludge!”

Então, por que nós todos pensamos que ele mudou tanto? Eu tô viajando? Nós estamos viajando? Alguém tá viajando?

Eu acho que o que está deslocado aqui é que ele está claramente adotando uma ‘meta-persona’ e está conscientemente provocando. Ingestão copiosa de álcool pode ou não também estar envolvido, como é frequentemente no caso de eventos de prêmios. Então o casual, ponderado, murmúrio pós-adolescente das entrevistas de 2006 se tornou num estilo deliberadamente mais lírico e atentamente articulado, e com ritmo lento, com um toque artificial de “cerimônia”, como convém a um discurso que parece meio humorado e ao menos parcialmente esboçado.

Então, qual é o motivo para toda essa mudança?
Ele não está fazendo isso porque agora ele odeia a Grã-Bretanha e deseja que fosse o Johnny Clash?

Não, isso é chamado Communication Accommodation Theory (CAT) [Teoria de Acomodação Comunicativa], e esse é um campo de estudo linguístico que sonda as maneiras que as pessoas mudam sua linguagem quando interagem com outros. Eles fazem isso de acordo aonde estão, com quem elas estão, como elas estão se sentindo e o que estão fazendo. Elas podem tanto mudar seu discurso para se fazer similar a dos outros, mas equitativamente, e um aumento de diferenças pré-existentes para se converter numa mensagem particular, por exemplo, como a exibição verbal do pavão de poder e status. Um termo mais comum, relacionado a Teoria de Acomodação Comunicativa, é a mudança de códigos. A mudança de códigos descreve como nós mesclamos e combinamos elementos de mais de uma língua, dialeto ou sotaque para acomodar em nossa imediata proposta de comunicação.

Você acha que ainda há um pouco do Alex nortenho de antes?
Ouça a “Four Horsemen in a One-Horse Race”: Ele nem mesmo pronuncia seu RS antes de uma vogal. Se eu estivesse treinando-o para um papel de americano, com isto como seu ponto de partida, ele teria um longo caminho a percorrer.
Você acha que essa é uma mudança intencional?

Eu duvido muito que isso foi parte de suas relações do plano mestre de “Dr. Evil” [ de ‘Austin Powers’, filme], concebido num encontro de estratégia de dez pontos liderada por sua gravadora, “Adote um Sotaque Híbrido Esquisito: Quebre a América.” Mudança de códigos é algo que todo mundo faz, quase que a maior parte do tempo. Quanto melhor o “ouvido” que você tenha, mais suscetível você estará para pegar novos sons e absorvê-los entre os seus sons, quer seja seu objetivo consciente ou não. Cantores, músicos, atores e linguistas são duplamente suscetíveis a mudar de acordo com impulso, estilo e contexto; não estão apenas fazendo uma parte chave de seu conjunto de habilidade profissional, mas os exita a viajar um pouco além, e culmina acumulando uma enorme coleção de diferentes sotaques e expressões. Turner mesmo é dito ser introvertido. Você podia ater ao caso que introvertidos são ainda mais propensos a adotar estratégias subconscientes para combinar em experiências.

 

Fonte: Noisey 

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