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ARTIGO: Os 10 Álbuns de Melhor Bateria por Matt Helders

Matt Helders seleciona seus 10 álbuns de bateria favoritos.

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“Os discos que tendo a gostar pela bateria nem sempre são aqueles típicos que a maioria das pessoas escolheria,” diz Matt Helders, o cara irreprimível e carismático por trás do kit de dominação mundial, os Arctic Monkeys. “Para mim, isso não é só sobre coisas chamativas e ouvir um cara exibir suas “viradas” [de baqueta]. Eu preferiria ouvir a um baterista que sabe como tocar na música.”
Contudo, nem sempre é desta forma: o famoso músico autodidata, que nem mesmo tinha pego um set de baquetas até a formação dos Arctic Monkeys (o fato deixa tudo mais notável quando você considera seu estilo espantosamente fluído), admite que quando ele estava apenas começando, o fascínio do virtuosismo recaía sobre ele.
“A princípio, eu estava realmente impressionado com os bateristas fazendo centenas de fills¹ e todo tipo de técnica maluca,” ele diz. “Mas enquanto eu aprendia a tocar, comecei a perceber que tem mais em tocar bateria que apenas estar no centro da atenção e disparar; você tem de ser musical, também.”
Helders afiou suas sensibilidades rítmicas (primeiro formando-se como DJ) ao tocar seus álbuns favoritos. “Eu colocava um álbum todo para tocar e acompanhava tocando,” ele diz. “Eu sempre encontrava batidas em diferentes cortes que eu pegava, que não estavam na primeira vez. Eu também tocava para álbum de rap, porque muitas vezes eu podia tocar o que quisesse; o ritmo era mais lento, e eu conseguia estender e criar melodias sem perder meu lugar.”
Nos últimos anos, muito tem sido escrito sobre o constante declínio das vendas de álbuns e o enfraquecimento da dominância do formato como uma força cultural. De sua parte, Helders vê os Arctic Monkeys como hasteadores da bandeira dos prazeres da experiência de álbum. “Nós ainda, talvez de uma forma ingênua, fazemos discos de duração completa, esperando que as pessoas irão se sentar e ouvir a coisa toda do começo ao fim,” ele diz. “Mas eu sei que sou culpado de visualizar as coisas no iTunes e então comprar.” Ele ri, então acrescenta, “Suponho que isso diz algo sobre a música moderna, também.”

 

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Led Zeppelin – Led Zeppelin II (1969)

“Eu tenho de dizer que John Bonham é meu baterista favorito de todos os tempos. Ele é alguém a quem eu sempre lembro. O motivo do porquê eu escolhi este álbum vem puramente do fill que ele faz no final do solo de Moby Dick, antes de a banda voltar. Isso me dá arrepios, e não é exagero. É perfeito, absolutamente perfeito.
“Eu não estive tocando bateria aquele tempo todo quando eu o ouvi pela primeira vez, e pensei, ‘Parece inacessível chegar a um padrão como este.’ E não é que era tão difícil — um monte de pessoas podiam aprender a tocá-lo, e eu estou certo que sim. Mas a forma que ele executava era tão única — há atitude demais pra isso.
“Metade dos álbuns desta lista podiam facilmente ter sido de Led Zeppelin, mas eu escolhi este porque, em adição por ser incrível, há aquele lick² em Moby Dick. Claro, é parte de um solo de bateria, e bateristas amam drum solos — bem, não todo mundo; algumas pessoas ficam aborrecidas com eles, eu acho. Mas há algo especial naquele momento onde ele aparece em solo. Isso me deixa toda vez.”

3061258696_db2995f954_o Jay-Z – Jay-Z: Unplugged (2001)

“Este é o disco do show MTV que Jay-Z fez com os The Roots. Eu o ouvi antes mesmo de eu tocar bateria. Eu era um grande fã de Jay-Z, e eu fiz um video do trecho da TV; eu me lembro de gravá-lo com o VRC [gravador de videocassete].
“Apesar de eu o assistir várias e várias vezes, eu realmente não entendia, na época, como a banda funcionava e como eles podiam fazer um disco de rap ao vivo soar tão bom. The Roots levou as músicas do álbum de Jay-Z ao palco e fez umas coisas incríveis com elas.
“Questlove tem sido sempre uma das minhas favoritas. Eu revisitei este disco um monte de vezes. À princípio, eu era um pouquinho curioso e surpreso que ele queria soar tão mecânico, como uma máquina humana de tambor ou algo assim, mas depois eu estava muito impressionado de verdade que ele conseguia fazer tal tipo de coisa. Não é qualquer um que consegue tocar um simples groove por três minutos sem variação e faz significar algo. Parece fácil, mas não é.”

 

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The Jimi Hendrix Experience – Are You Experienced (1967)

“Quando você se interessa em bateria, Mitch Michell é um daqueles caras que você precisa se focar. Ele é muito divertido de se ouvir e assistir em video. Ele era muito solto, de forma muito livre. Eu tive a sensação que músicas como Purple Haze e Fire foram uma única vez tocadas em estúdio; ele provavelmente jamais as tocou do mesmo jeito duas vezes.
“Há tanta liberdade e sentimento no jeito que ele executa certos fills. Eu imagino que seja porque ele trabalhou muito bem com Jimi Hendrix — sua música era toda sobre espontaneidade e o ser do momento. Você pode talvez nunca aprender realmente a tocar como Mitch Mitchell, porque ele estava sempre mudando. Eu gosto muito disso.”

 

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Black Sabbath – Paranoid (1970)

“Tem alguns fills muito atrativos e longos rolls [batida ritmica rápida na bateria] neste álbum. Estivemos tocando uma sessão de War Pigs durante uma de nossos shows ao vivo, e estava realmente impressionado pela fineza que é preciso para tocá-la corretamente. Tiro o chapéu para Bill Ward.
“A sessão rítmica em geral é bem importante para o som geral e o poder da música. Não é só sobre sendo essa parede de barulho e pauleira o tempo todo. Há uma clareza no que eles fazem. Tem elementos de jazz acontecendo e isso pode ter passado despercebido a um monte de pessoas; eles podem não saber porque a música é tão boa, mas sabem que soa diferente a qualquer coisa que eles ouviram.”

 

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Queens Of The Stone Age – Songs For The Deaf (2002)

“É difícil superar Dave Grohl, não é? Ele tocou neste disco e, como sempre, ele está simplesmente inacreditável. O relacionamente que ele tem com Josh é bastante importante — eles fizeram um monte de coisas juntos e sabem bem como se entrosar um com o outro. Quero dizer, sei que muito disto é Josh — e trabalhar pessoalmente com ele, eu sei que são ideias dele — mas Dave interpreta a coisa e faz dela sua.
“Dave é um excelente baterista para se ouvir. Ele toca com um monte de sabores e criatividade; ele sempre tem um novo fill que faz você pensar, ‘Oh, caramba, eu nunca pensei nisso.’ Ele faz tipo de um álbum mini solo em A Song For The Dead, que é realmente fantástico. Mas ‘cê sabe, seja o que ele tente fazer, ele faz dar certo de um jeito bonito.”

 

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Buddy Rich/Max Roach – Rich Versus Roach (1959)

“Buddy Rich tinha sua banda, Max Roach tinha sua banda, e eles deram certo um pra esquerda e outro para a direita. Eles fizeram isso como uma espécie de batalha no estúdio e gravaram em stereo. Quando você ouvir a isso nos fones de ouvido, a banda de Buddy Rich está em sua orelha esquerda e a banda de Max em sua direita.
“Eles tocaram várias músicas de grandes bandas que Buddy Rich normalmente tocaria, mas tem sempre uma pequena batalha de bateria acontecendo; alguns dos músicos tem solos e tal. É bem interessante acompanhar tudo da esquerda à direita. O fato de que alguém pensaria em produzir um disco como este é realmente impressionante.
“Sou um grande fã de Buddy Rich. Ele é provavelmente o primeiro baterista que, quando o vi pela primeira vez, fez-me dizer, ‘É isso o que eu quero fazer.’ O que é meio estranho, pois eu não toco nada como aquilo — jazz, swing e grande banda. Eu me deparei com ele tocando na TV, e eu jamais tinha visto algo como ele estava fazendo.”

 

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Nirvana – Nevermind (1991)

“Dave Grohl tem mais um pouco de amor de mim. [Risadas] Naquela época, ele provavelmente tocou de forma um pouco mais simples que no disco Queens Of The Stone Age, portanto há um estilo diferente do mesmo cara.
“Você pode sempre fazer coisas no estúdio para ‘o som da bateria’ ficar mais alto, você pontapeia [o bumbo] um som mais poderoso e essas coisas, mas ele toca de tal forma que você ainda se pergunta quanta força ele está pondo naquilo. Mas não é só sobre bater firme com Dave: não importa quão agressivo e rústico ele é, ele ainda é muito musical. E, é claro, o álbum todo é fantástico.”

 

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The Hives – Veni Vidi Vicious (2000)

“Chris Dangerous é um baterista incrível. Ele é muito rápido — é como um humano metrônemo*(instrumento para regular os andamentos musicais). Quando eu comecei a tocar, ele era um dos ‘novos’ bateristas que eu mais estava interessado. Na época, nós estávamos ouvindo um monte de rap na escola, mas bandas como The Hives e The Strokes vieram e meio que mudou tudo.
“Eu penso que Chris é a razão do porquê meu kit de bateria é estabelecido do jeito que é. É estranho encarar uma bateria moderna como aquela, mas eu era de fato muito jovem e ele me impressionava — eu queria que minhas baterias parecessem como as dele.
“O que eu gosto do disco é como soa como se eles tivessem acabado de entrar, pressionado ‘gravar’ e tocado tudo tão rápido eles conseguissem. Mas ainda soa incrível. Eu amo a banda, e este é o álbum que eu ouvi mais.”

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Vanilla Fudge – Vanilla Fudge (1967))

“Eu escolhi este principalmente pela versão deles de ‘You Keep Me Hangin’ On’. O ritmo dele, da opressão, do clima — eu sempre gostei muito. É um trabalho musical muito efetivo e uma reinterpretação bacana da canção.
“Tem um video deles tocando-a ao vivo no estúdio, e Carmine Appice faz todo esses truques de baquetas, mas ainda sim acerta cada lick² com perfeição. Ele está incrível. Como baterista, eu considerei aquilo inacreditavelmente divertido.”
“Os anos ’60 e ’70 devem ter sido uma época difícil para tentar se destacar. Bateristas provavelmente preparavam seus kits da mesma forma: havia muito pouca variação em como as coisas eram feitas. Portanto, o que você podia fazer de diferente era talvez honrar de forma real seu toque e em como você abordava as coisas. Carmine definitivamente faz você notá-lo, mas ele não diminuía o que a banda estava fazendo.”

 

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Ghostface Killah – Twelve Reasons To Die (2013)

“Eu nem mesmo sei quem toca bateria nele, mas é produzido por Adrian Younge, e o que é excelente nisto não são só as batidas; é muito musical e comovente, tudo de grandiosa sonoridade.”
“Este álbum é ainda muito recente, é claro, mas já soa como um clássico. Um monte disso é “sampleado”[usar trechos de outras músicas], mas eu não acho que é uma coisa ruim para os bateristas. Há um motivo do porquê a bateria nos discos de James Brown foi “sampleada” — eles trabalham com a música. É bom saber como samples e melodias podem trabalhar juntos. Tudo parece certo neste disco.”

 

Notas   

1 Fill — Mais conhecido como a virada de baqueta;
2 Lick — Às vezes chamado de ‘break’. Preenche um espaço de tempo da música, a transição de um tempo para outro. Similar ao tempo do riff numa música.

Fonte

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