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Entrevista de The Last Shadow Puppets à NME + Guia de Faixas

Alex Turner, o cara do Arctic Monkeys, voltou ao estúdio com seu melhor parceiro Miles Kane, o que só pode significar uma coisa: The Last Shadow Puppets estão de volta. Kevin EG Perry entra pro círculo da verdade…

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TALVEZ seja porque eles ficaram cansados de viver na sujeira um do outro, talvez seja por causa de ‘diferenças criativas’, ou talvez seja só por causa de todas as drogas, mas o pessoal de bandas tendem a odiar um ao outro. Mas esta estória é bem o oposto. Esta é a estória de dois melhores amigos que estão magneticamente ligados a produzir música juntos.
“É como assistir uma sequência de explosão ao contrário”, diz Alex Turner. “É como John Lennon encontrando…Paul [McCartney]”

Alex e seu camarada-de-banda Miles Kane não estão no clima pra modéstia assim que anunciaram seu segundo disco, “Everything You’ve Come to Expect”, o sucessor do “The Age of the Understantement” de 2008. Sentados juntos no apartamento de Miles em Los Angeles, eles tagarelam mais que os dois filhotes de papagaio na gaiola próxima a eles — um presente de Natal da namorada de Kane. Eles se alfinetam como um ato duplo de comédia: uivando piadas internas, terminando a sentença um do outro, resvalando em tom perfeito das vozes de Lennon e McCartney.

Tente obter uma resposta direta deles sobre o que cada um trouxe à festa Shadow Puppets e Miles te dirá, “Alguns bons salmões canapés defumados.”
“E um rosé”, adiciona Alex.
“E então a mágica acontece,” conclui Miles.

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Falando com os dois juntos parece como uma conversa ininterrupta que começou em 2005, quando a então banda The Little Flames de Miles apoiou Arctic Monkeys em uma tour no início da carreira. Desde uma década, o ‘bromance’ de Alex e Miles floriu em uma do meio musical que mais dura. Eles parecem desfilar juntos em shows vestindo roupas pouco recomendadas e no verão passado eles apareceram no YouTube berrando letras do Strokes na cara um do outro na multidão no Hyde Park, num show da banda. Os dois agora estabeleceram lares em LA. Os contos de suas noites pervertidas em Hollywood Hills ecoam através das fofocas indie, então Alex está com certeza sendo mais que um pouco insincero quando diz que eles “deixaram tudo pra trás. Nós fomos assistir um pouco de TV.”

Dado ao quão próximos eles são, a única surpresa aqui é o que aconteceu a eles em oito anos para o sucessor do primeiro álbum. O que os impediu? “Bem, nós queriamos que fosse uma trilogia,” explica Alex. “Queríamos escrever a segunda e terceira partes antes que fosse lançado o segundo.”

Então, o próximo disco de Last Shadow Puppets já está composto – isso significa que não vamos ter que esperar outros oito anos? “Bom, eu não sei,” disse Alex cautelosamente. “Há um monte de outras coisas que temos de levar em questão.”

Estes serão dias de negócios; 2013 vira o lançamento do monumental AM dos Arctic Monkeys, que foi platina dupla e foi nomeado Àlbum do Ano da NME. Naquele mesmo ano, o último álbum solo de Miles, “Don’t Forget Who You Are” também foi Top 10. Mesmo assim, houve “sombras do The Puppets”. Miles juntou-se aos Arctic Monkeys para uma música de encerramento (‘505’) de seu headline set de 2013 em Glastonbury, e apareceu com a banda no Finsbury Park no ano seguinte para tocar “Standing Next To Me”, do The Last Shadow Puppets.

Quando os Monkeys largaram as ferramentas depois de abrirem show no Reading and Leeds, isso deu a Alex e Miles uma brecha pra se reunir. “Parecia estar tudo alinhado corretamente,” Miles diz, se bem que disfarçando ao fato que ele precisava mais que Alex, então ele brinca, “Eu dei uma breve chave de cabeça [no Alex], mas ele acabou aceitando.”

Alex e Miles

O SEGUNDO ÁLBUM

‘Everything You’ve Come To Expect’, foi gravado no último verão no estúdio Shangri-La em Malibu. Outrora pertencente a Bob Dylan e The Band, está agora nas mãos do produtor Rick Rubin (“Licensed to Ill”, de Beastie Boys; “Reygn in Blood” de Slayer) que permitiu a eles usar o lugar para trabalhar mais do que suas curtições.

Reuniram seus antigos colaboradores, como James Ford -produtor de Arctic Monkeys -nas baterias e o colaborador de Arcade Fire, Owen Pallett, na partitura das sessões de cordas. O novo recruta é Zach Dawes do Mini Mansions no baixo, que trabalhou com Alex no single “Vertigo” do Mini Mansions em 2015. “Estávamos muito próximos de Zach e nós gostamos carinhosamente dele,” disse Miles. “Apenas pareceu certo tê-lo pra tocar nisso.”

Para a direção que eles queriam que o disco fosse, Pallett disse que quando eles chegaram em Malibu ele pediu a banda — que costumava ter o cantor romântico vaguardista Scott Walker e o cowboy psicodélico Lee Hazlewood como inspiração para o primeiro álbum deles — em quem eles ficaram inspirados desta vez. Eles replicaram, “Você alguma vez já ouviu um disco chamado ‘The Age of the Understantement’?”

E sim, houve tons de seu álbum de estreia, mas desta vez eles traçaram uma seleção mais ampla de suas coleções de registros. Eles referenciam tudo do original “Hot Buttered Soul” do cara do soul Isaac Hayes, ao estilo dos anos 1980 “The Style Council” de Paul Weller, o qual Alex diz que eles “não ‘entendiam’ do jeito que entendem agora”.

“Eu acho que o último disco terminou sendo como uma única coisa,” Alex continua. “Nós falamos um monte sobre Scott Walker e nosso disco se tornou percebidamente como uma homenagem àquele som. Neste, em minha cabeça, não se veste das influências das suas mangas como o primeiro fizera. Nós decididamente ouvimos pouco de Isaac Hayes desta vez, mas foi menos de uma grande coisa. Eu não penso que é tão diretamente…”

“… inclinado a alguém,” finaliza Miles. “Daquela vez [do primeiro álbum], todas aquelas coisas eram novas para nós. Nós fomos descobrindo-as pela primeira vez. Desta vez, eram apenas músicas que nós fomos mandando quando inspirados.”

Esta mudança na direção é imediatamente aparente no carro-chefe “Bad Habits”, que apareceu no início de Janeiro. É mais pungente que qualquer coisa que o par gravou juntos antes e mostra um Miles rosnando “Should’ve known, little girl, that you’d do me wrong”. “É bastante diferente de tudo do primeiro disco,” disse Alex. “Mas algumas coisas não mudaram.”

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‘Bad Habits’ contudo não é o indicativo do álbum, o qual é mais variado e realizado que ‘The Age of the Undertantement’. Os destaques incluem a sedução murmurante de ‘Miracle Aligner’, que Pallet chama de “uma canção notável”, e a faixa-título levada por piano. “Progredimos mais naquela faixa que qualquer coisa que fizemos”, disse Miles. “Aquela é a única faixa que se destaca como sendo, ouso dizer, a mais única.”

Ouvindo o disco tão logo após a morte de David Bowie, você não consegue ignorar a linha na faixa-título que menciona um “collar on the diamond dog…”. Os The Last Shadow Puppets gravaram um cover de ‘In The Heat of The Morning’ de Bowie como B-Side de seu primeiro single ‘The Age of the Understatement’, incitando o próprio cara a dizer, “Isto é um deleite! Que amável. Fez o meu dia.”

Baita elogio, de fato. A influência de Bowie está presente em todo ‘Everything You’ve Come To Expect’, embora como Alex salientou, “Ele está no DNA de cada disco, em certa medida. Ele esteve sendo incorporado durante um longo tempo.”

“Tive um dia triste no dia que ele morreu,” acrescentou Miles. “Assisti ao clipe “Lazarus” e percebi quão difícil era assistir. Eu tinha definitivamente um nuvem [de tristeza] sobre mim.”

Há outra letra proeminente em “The Dream Synopsis”, na qual Alex descreve um sonho onde “um vento mau veio uivando através da cidade central de Sheffield.” Tornando-se em uma estrela rock de LA, faria de’Whatever People Say I’m That’s What I’m Not’, de 2006, parecer como uma memória distante? “Ainda é casa,” afirma Alex. “Eu volto lá para o Natal. Ainda tenho um monte de ótimos amigos lá.”

O que vêm durante o disco é quanta diversão eles tiveram fazendo-o. Alex diz que gravar em Malibu — e ia nadar pela manhã para começar os dias que terminariam em poucas horas — sentia como se “em férias”, assim como foi gravar no ocidente da França, como fizeram no primeiro disco dos Puppets.

Owen Pallett concorda e afirma que as sessões parecem mais como sair com amigos que trabalho. “A melhor coisa sobre trabalhar com esse caras é a atmosfera e camaradagem.” ele diz. “É muito palpável. Você consegue sentir que o fogo tá atiçado. Miles sempre tinha inspirações abruptas pra música aonde ele ia, ‘Não, isso devia ficar assim!’ Alex é mais um perfeccionista. Às vezes por volta das duas da manhã, depois que tínhamos tomado uns drinques, ele vinha, ‘Aquela parte da música não tá funcionando. Devíamos fazer desse jeito.’ Eu tomava nota e consertava de manhã.”

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AS FÉRIAS de Alex e Miles devem continuar. Após o lançamento do álbum em abril, um mês depois os Puppets vão tocar no Coachella Festival na Califórnia; então sair em turnê e tocar em mais festivais. Neste momento, com Alex confirmando a carência de planos futuros dos Arctic Monkeys (“nada ainda”), o par parece apenas feliz em manter uma longa década de conversas acontecendo. Como vocês acham que mudaram ao longo dos anos? “Nós nos tornamos homens,” afirma Alex. “Especialmente quando você olha aquelas fotos antigas e nos olha agora.”

As fotos recentes deles — Miles com sua cabeça raspada, Alex com cabelo alisado pra trás, ambos vestindo moletons de veludo combinando — são um longo caminho dos cabelos-de-cuia e as expressões ansiosas que ostentaram ao lado no primeiro álbum.“Eu sei,” ri Alex. “Nós fomos de The Beatles à Velozes e Furiosos.” Quando eles conversam, a agitação das piadas internas deles é tão densa que pode ser difícil dizer o que é fato do que é ficção. Por exemplo, eles gostam de falar às pessoas que eles estão trabalhando num filme de revista de quadrinhos de estilo X-Men. “Estamos na fase do esboço ainda,” afirma Alex. “Estamos tendo uma leve discussão pois eu queria trazer alguns lutadores mexicanos de luta livre,” acrescenta Miles, “mas Alex é bem firme que nós mantenhamos estritamente o estilo X-Men.”

Alguma possibilidade de ser verdade? Vai saber.

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Num esforço de obter deles algumas verdades emotivas, eu lhes pedi para encarem um ao outro, olhassem fundo um no olho do outro e dissessem uma coisa que eles amam do outro.

“Eu gosto desse jogo,” diz Turner. “Você percebe o que nunca botou pra fora.”
“Eu digo a ele que o amo o tempo todo,” responde Miles. “Você tem que ir através do limite da dor. Eu te amo porque você tem um limite de dor muito forte.”
E quanto a você, Alex?

Uma longa pausa. Estamos prestes a ouvir algo do coração? “Uma auréola acabou de aparecer em volta da cabeça do Miles enquanto eu tava olhando os olhos dele,” disse Alex. “Eu juro. Sem mentira. Justo quando eu estava pra responder, uma auréola apareceu e agora ele tá levitando quase quatro centímetros. Ele tá flutuando.”

Talvez o único momento que Alex e Miles conseguem ser realmente honestos com o outro seja no disco. Ao menos agora nós tivemos uma segunda chance de compartilhar um certo bromance deles.

GUIA DE ALEX E MILES PARA AS FAIXAS CHAVE DO ÁLBUM 

AVIATION
A que abre o álbum é mais próxima ao estilo indubitável de Lee Hazlewood que a banda perfeccionou em seu primeiro disco.

Letra chave: “Where d’ya want it? / It’s your decision, honey: my planet or yours?”

Alex: ” Esta foi provavelmente a primeira música que compomos pro disco e nos deu ímpeto pro resto delas, e a ideia completa que nós devíamos pegar outra vez. É uma daquelas que soa mais parecida com o primeiro disco.”

Miles: “Era de fator decisivo no sentido de fazer o álbum. É a mais Puppety.”

SWEET DREAMS
Se você não é um fã da voz sentimental de Alex à la Elvis, olha pro lado agora.

Letra chave: “It’s really just the pits without you, baby / It’s like everyone’s a dick without you, baby.”

Miles: “Tomei um assento. Eu só dedilhei. Os vocais de Al estavam naquilo, e sem ao menos passar pra ele unzinho; é incrível. Ele realmente manda ver e é um prazer observar. Durante as apresentações, eu posso ir fazer um lanche num canto e tem muitas nozes.”

MIRACLE ALIGNER
Uma melodia jovial acompanha Alex num clima romântico, cantando “All of you exchanges are by candlelight”.

Letra chave: “So what’s the wish? She’ll make it come true/ Simple as a line out of a doo-woop tune.”

Alex: “Estivemos planejando este disco há uns anos e o início dessa música é muito antigo. Eu acho que esta começa no deserto, quando eu estava lá sentado dedilhando um F…”

THE DREAM SYNOPSIS
Um borrão alucinógeno de imagens inunda a letra, supostamente abatido do ‘relato do sonho’ de Alex.

Letra chave: “And a wicked gale came howling, through Sheffield city centrel / There was palm tree debris everywhere.”

Alex: “Eu disse a palavra ‘sonho’ demais aqui. É a minha versão daquela música da Miley Cyrus sobre o sonho que ela teve com seu cachorro.”

EVERYTHING YOU’VE COME TO EXPECT
A faixa-título “The Beatlesca” descobre-se Alex como um cara ciumento, cantando “I just can’t get the thought of you and him out of my head.”

Letra chave: “I guess the coastal air gets a girl to reflect.”

Miles: “É a minha faixa favorita do disco. Foi uma das últimas que nós finalizamos e acho que ela apenas completou. Ela é um destaque. Eu realmente amo ela.”
Alex: “É a minha favorita também. É o voo mais distante que nós demos.”

Fonte Nme

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