Header

10 ANOS DE ‘WHATEVER PEOPLE SAY I AM…’: CELEBRE COM ESSA ENTREVISTA DE 2006

“ARCTIC MONKEYS: O mundo aos seus pés” 

Tradução da matéria da revista NME, 21 de Janeiro de 2006.

NME Janeiro de 2006

NME Janeiro de 2006

O que você faria se tivesse o mundo aos seus pés? É uma questão que os Arctic Monkeys tiveram que lidar durante o ultimo ano, tendo passado de sacanas brancos do funk para sensação nacional, levando o tempo que a maioria das bandas leva decidindo o nome. Você já deve conhecer a história; de como Alex Turner se tornou o Garoto Zangado mais celebrado da nossa geração; os seus contos além-da-sua-idade sobre a vida em uma cidade pequena; sua voz demente que fica em algum lugar entre Joe Strummer, Eminem e George Formby ; a maneira que ele mexeu com a imaginação do público de uma forma que não era vista por gerações; o jeito como tudo isso se casou com sua banda, que é como uma fusão de alguma edição scum-punk de Libertines, faixas com linhas de baixo inovadoras e músicas mais hipnotizadoras desde a época de Oasis; e agora o mundo inteiro os saudou como a melhor coisa que aconteceu com a cultura jovem desde o fim do serviço nacional. Hoje a NME invadiu um estúdio em Liverpool – onde eles dizem já estar fazendo seu segundo álbum – para se encontrar com Alex, o guitarrista Jamie ‘Cookie’ Cook, baixista Andy Nicholson e com o baterista Matt Helders, para tentar compreender o que diabos está acontecendo. E para nos contar o que eles fizeram quando seu single de estréia ‘I Bet You Look Good On The Dancefloor’ se tornou número um sem aviso prévio.

Aquilo foi engraçado” diz Alex sorrindo “Foi surpreendente. Foi tipo,’ Sky News quer conversar com vocês!Nós conversamos com Zane e deixamos por isso mesmo.”

Cookie: “A gente não sabia que íamos ser número um, e não queríamos saber. A gente disse pra gravadora pra não nos contar. Nós ouvimos no radio e ia ser nós ou Sugababes. E então Sugababes começou a tocar e ficou óbvio. Então nós festejamos.

Alex: “O outro dia foi engraçado, toda a imprensa que veio, eles tinham que achar uma razão pra isso, teve todo um ‘Cérebros da Internet no Topo das Paradas!’ e essas merdas. Tava no The Economist ou algo assim, e lendo os jornais no outro dia, estavam dizendo como a gente costumava fazer chats ao vivo e esse tipo de coisa.

Matt: “Eu nem sabia como entrar no nosso fórum.

Cookie: “(Fingindo histeria de machete) A Banda da Geração Myspace.

Alex: “Eu só descobri o MySpace uns dias atrás.

Matt: “Eles estavam dizendo, ‘Então eu fui no seu MySpace. Sim seu perfil!’ E eu nem tenho um perfil, eu nem sei o que é MySpace!

Entrevistador: Mas vocês meio que foram uma sensação da internet, mesmo que não fossem vocês atrás disso, você devem ter percebido isso.

Alex: “Eu sabia que estava meio que acelerando as coisas, porque faz as pessoas ouvirem. (Balança a cabeça) Eu não sei, tem muitas músicas de bandas na internet, não é tão simples. As pessoas tem carinho pelas músicas também.

Entrevistador: Mas passar suas músicas de graça nunca preocupou vocês. Isso sozinho é bem radical, considerando a atitude da indústria.

Alex: “É, mas nessa época nós não tínhamos uma gravadora, então a gente costumava fazer CDs pequenos e distribuir. E através disso as pessoas pegaram e colocaram em sites. Não há nada que você possa fazer para impedir, e a gente só ficou animado que outras pessoas queriam ouvir.

me

 

Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not’ é, mais ou menos um álbum conceitual. Começa olhando para o fim de tarde seguinte com uma vista para a tarde (“Vai haver algum estrondo independente do que aconteceu antes”), encontrando uma garota em ’…Dancefloor’ falhando em chamá-la no clube e chegando no final de tarde reclamando sobre os débeis mentais e seus contos falsos sobre São Franscisco, para encontrar os seus sapados de dança uma ultima vez, até ser parado por policiais em uma riot van, então como dissemos, é mais ou menos um álbum conceitual.

Tinham canções que faziam sentido em conjunto,” explica Alex. “Têm cinco canções no album, espalhadas, tipo cinco segmentos desde o final da tarde até a manhã. Existe uma fotografia para cada música, então talvez faça mais sentido se você ver.

Entrevistador: Isso forma uma história verdadeira?

Nah” diz Cookie. “Não é como The Streets

Entrevistador: Mas elas todas contam histórias que fazem parte no mesmo universo. Você tem temas e personagens recorrentes. Quantos deles são reais?

Todos eles,” concorda Alex, “Sim, tem alguma pessoa que eu penso sobre ou uma situação que eu penso sobre cada vez que eu canto essas músicas. Mas todas essas músicas são bem específicas. Tirando ‘A Certain Romance’ que fica no final, como uma visão geral das coisas. Mas essa é a única música que é desse geito, é mais refletiva do que qualquer coisa.”

Entrevistador: A peça central é o novo single ‘When The Sun Goes Down’.

Essa música é mais sobre uma situação.” Explica o cantor. “Nós tínhamos essa sala de ensaio em um lugar chamado Neepsend, é o que está na capa do single, e quando nós nos mudamos para essa sala, tipo tínhamos ensaiado lá antes, e o engenheiro diz: ‘Oh, quando vocês estiverem aqui de noite, tomem o cuidado de trancar aquela porta, porque as coisas aqui mudam quando o sol vai embora.’ Eu realmente ouvi isso, não é brincadeira. Eu sei que soa meio bobo mas esse cara disse isso pra gente. O Andy saía do bonde e quando começava a andar ele encontrava uma moça fazendo propostas pra ele.

Cookie: “Você veria a mesma garota toda noite.

Alex: “Mas também tinha garotas diferentes de noite.

Entrevistador: Vocês chegaram a descobrir por que ela tinha que vagar pelas ruas?

Matt: “Não, porque você não falaria com elas.

Andy: “Pessoas assustadoras da porra.

Alex: “De vez em quando você via um cara carregando uma sacola e tipo, ‘Que merda ele tá fazendo aqui nessa hora da noite?’ Ou enquanto a gente arrumava nossas guitarras pra levar e alguém passava e dizia algo do tipo, ‘Quanto que vale uma dessas?

 

when

Comparação entre a capa do single e uma foto recente do local

 

O que vem em seguida é ainda mais estranho. ‘Perhaps Vampires Is a Bit Strong But…’ é um grunge-funk desorientador e a demonstração mais óbvia do que pode vir em seguida pros Monkeys. Mas com suas letras (“Todos vocês são vampiros/E todas as suas histórias são obsoletas/E mesmo que vocês finjam nos apoiar/Eu sei que estão certos que falharemos”) tem havido certa consternação sobre quem esses vampiros são (pessoas do A&R? Outras bandas? NME?). Um pouco de persuasão suave revela que é todas essas coisas – por exemplo as pessoas locais, que farejam um pouco de sucesso e instantaneamente já sabem o que a banda deveria estar fazendo.

É igual quando nesse tempo ano passado nós estávamos fazendo shows em todo lugar.” Relembra Alex, “e nós tínhamos conversas com pessoas, como vizinhos.

Matt: “Eles dizem coisas como, “Quanto vocês estão sendo pagos por isso’ Depois de eles terem bebido algumas cervejas. ‘Vocês deveriam ir no The Working Men’s Club, £400 num sábado a noite’.”

Alex: “Essa é a razão de ser ‘Perhaps Vampires Is a Bit Strong But…’ porque eles de verdade não entendem. É como se todo mundo fosse um expert nesse tipo de coisa.

Matt: “Eles devem jogar tantas pessoas fora do caminho certo.

Entrevistador: Como você sabe em quem confiar?

Andy: “ Você não confia em ninguém!

Entrevistador: Implicando com posers e se preocupando com prostitutas e reparando na maneira que scallies enfiam suas calças nos seus tênis… parece que vocês não aprovam muito a sociedade moderna.

Alex franze a testa, “Eu sei o que você quer dizer. As pessoas costumam dizer isso, ’ Oh você parece tão decepcionado’ e coisas to tipo, e não é assim na verdade. Você escreve sobre o que você conhece, mas você meio que celebra tudo isso… Eu nem vivo mais aquela vida, é totalmente diferente. Eu não tenho nem estado em casa por… e você tenta, mas você não pode mais fazer as coisas do mesmo jeito porque as pessoas te reconhecem. ‘A Certain Romance’, Eu acho que muitas pessoas esquecem como a música acaba, ‘Por aqui tem um monte de idiotas e tem um monte de merda acontecendo, mas alguns deles são meus amigos também.’ Você tolera quando são seus parceiros.”

Cookie: “Todo mundo pensa que eles são tão diferentes. Nós temos amigos que são chamados de chavs o tempo todo, e todo mundo quer estar no seu próprio grupo, sejam eles indie ou torcedores de futebol que acham que eles são tão diferentes um do outro, mas eles não são.

me2

Para toda ação e drama envolvendo as histórias em suas músicas, e a química do seu gênero flexível, nós ainda sabemos tentadoramente pouco sobre os Arctic monkeys. Os pais do Alex são ambos professores. Andy parece ser o bode expiatório da banda e, de acordo com Matt, ele diz coisas em entrevistas que ele quer que apareçam em negrito (como “você não pode ser tudo para todos“). Cookie foi quem trouxe a maior parte das influências de rock para a mesa quando esses fãs de hip-hop decidiram pegar guitarras. Os seus fãs podem ser chamados de O Exército Ártico. Mas eles não. O lanche de escolha do Alex é o homem de gengibre mas resumindo, é isso. E em um tempo em que fofocas sobre celebridades ficam cada vez mais valorosas, evitar atenção e manter o seu mistério Ha! Apenas fez com que as pessoas quizessem mais eles. Mais do que um pouco disso foi de proposito, mas na metade do tempo não é nada mais sinistro do que eles não se importarem. Certamente, eles devem ser os únicos estreantes no topo da história a recusar tocar seu hit numero um no Top Of The Pops. Mas sugira para Alex que eles já tem uma reputação de serem difíceis e ele fica apavorado.

Porque nós não queremos exagerar,” ele diz, “todo mundo pensa que estamos sendo idiotas mas…

Ele fica quieto, como se estivesse tentando descobrir por si mesmo por que ele não quer ser o brinquedinho de Fearne Cotton. “Eles sempre dizem que você pode controlar as suas músicas e os seus shows, mas a sua imprensa e toda sua mídia está um pouco fora de controle. Mesmo que você dê entrevistas, você não escolhe que pedaço vão usar, então você ainda pode se ferrar. Então eu acho que nós todos estamos um pouco relutantes. Não é que nós não sejamos pessoas legais, quando pessoas vem falar com a gente nós nos damos bem com a maioria delas e nós brincamos bastante.

Isso é verdade. A coisa principal que você percebe quando passa uma tarde com os Arctic Monkeys é como eles são normais. Mas desde que Franz Ferninand e Kaiser Chiefs patentiaram a sua nova força viral de Indie Showbiz, tendo a mesma abordagem “dane-se todos” que como, por exemplo, The Stone Roses tem, as coisas acabam ficando um pouco estranhas. Deus os ajude quando eles começarem a ganhar prêmios, mas é bem provavel que eles acabem sendo os últimos a rirem. Alex extremece: “O pensamento de estar na cara de todo mundo o tempo todo… porque eu sei que eu, quando Franz Ferdinand começaram, eu era um próprio garoto indie, e eu pensava tipo, ‘Que merda, não eles de novo.’ E nós conhecemos eles semana passada e nós tocamos juntos em alguns show e eles são caras legais. Eu eu cresci um pouco desde de essa época e eu posso entender porque eles fizeram o que eles fizeram, e show deles é muito bom e eles são uma banda muito boa.

Andy: “Eles são muito bons no que fazem.

Alex: “E eu preferiria bem mais que musica pop soasse mais como aquilo do que todo aquele WestlifeYou Raise Me up’ album do ano de merda.

Cookie: “A música do The Black Eyed Peas ‘My Humps’ foi pra porra do Top Ten, e ela só foi lançada semana passada!

Alex: “Isso é uma música errada certa.

Cookie: “E a nossa não foi!

Eu não tenho certeza,” considera Andy, com a língua bem distante da bochecha, “talves eles no chamaram e a gente dispensou eles.

Todo mundo se mija de rir.

Alex: “Isso é outra coisa, porque nós somos conhecidos por termos acessos de raiva e coisas do tipo o tempo todo, eles nos criticam sem nem nos perguntar agora. Eu não acredito que ‘My Humps” foi considerado uma música melhor que a nossa.

Entrevistador: Então você teria feito isso?

Alex está tão arrasado: “Você tem que ir e tocar? Provavelmente não. Mas sim, Eu preferiria muito mais que música pop fosse desse jeito, mas eu costumava reagir mal quando uma banda estava o tempo todo na minha cara e eu não quero ser assim.

Cookie: “Mas outras pessoas sim, as pessoas gostam, então elas pensam, ‘Melhor nós fazermos o mesmo.

Andy: “Mas temos que aturar isso — Frans Ferdinand e outras bandas, eles sobreviveram àquilo.

Alex: “Mas com aquele single, certo, nós fizemos aquela coisa com o Popworld, e então não fizemos nenhuma apresentação na TV e não fizemos muitas entrevistas, e mesmo assim nós conseguimos ser número um. Então você não precisa estar na cara das pessoas o tempo todo para eles apreciarem o que você faz.

 

84_ArcticMonkeys_L240406.article_x4

 

E mesmo assim, eles se recusam a parar. As novas musicas estão sendo trabalhadas para desviar de mais funky para pesado pra caramba. Mas antes de alguém se preocupar com elas. Ainda há aventuras a seguir e mistérios para resolver, supermodels para afastar, quartos de hotel para considerar uma destruição, jornalistas para intimidar, companheiros para dar uma mão (Milburn, Broomheads Jacket e os Harrisons sendo o primeiro a sair dos seus lábios). E é claro, as ondas de choque NME Awards Tour pra roubar a cena. Com a liberdade de uma nação alternativa e um álbum bem perto de ser perfeito para apoiar tudo, eles — e nós — estamos agendados para a aventura rock’n’roll de uma vida.

Entrevistador: Então rapazes, o mundo ao seus pés , o que vocês querem fazer com ele?

Andy: “Pisar nele!

Alex: “Bem, é isso. Eu sei que você quer dizer tipo, ‘O que vocês querem fazer?’ Mas eu acho que a gente ainda não descobriu ainda. As pessoas dizem ‘Bem o que vocês querem fazer? Onde vocês querem estar? Qual é a ambição de vocês?’ Eu não quero ir muito pra frente porque o álbum ainda nem saiu. Nós estamos falando de músicas novas mas o álbum ainda vai ser recebido. Nós ainda temos que receber todas as críticas.

Andy: “Um monte de pessoas vai falar mal dele.

Entrevistador: Você realmente acham que eles irão?

Andy: “Eu acho que muitas pessoas vão falar mal dele.

Matt: “As pessoas sempre irão, independentemente do que…

Andy: “Eles vão gostar dele por dentro, eles vão ouvir em casa.

Alex: “Eu acho… Eventualmente, eu acho que ele vai ser lembrado, definitivamente.

Eles simplesmente não entendem, não é mesmo?

COMENTE!