Em 2010 o jornal The Guardian entrevistou vários professores que formaram artistas famosos. Mr Baker, professor de inglês e teatro de Alex Turner deu a entrevista e relembra como acabou inspirando a banda e fala sobre o contato que tiveram pós escola. Vale a pena conferir!

“Ele é o homem mais foda do planeta e me chama de Senhor”

Name: Steve Baker
Profissão: Professor de inglês e de teatro da escola Stocksbridge high school, Sheffield
Pupilo de 1997-2002: Alex Turner, cantor, Arctic Monkeys

Eu lembro de uma reunião de pais à noite que a senhora Turner se aproximou de mim. Ela sentou-se e disse: “Oh, Mr Baker, eu não escutei nada além de críticas a noite inteira, e todos me disseram para vir falar com você” E eu disse “Senhora Turner, não se preocupe, ele vai ficar bem”

Há professores que olham para seus pupilos, checam seus livros para ver a frequência de entrega de lições de casa e fazem julgamentos sobre isso. Com Alex, eu sabia que ele era alguém pouco convencional, um pouco diferente, com um brilho e uma inteligência que serviria a ele. Ele tinha um senso de humor bem original, como você esperaria, mas ele era sempre quieto e reservado. Eu lembro de um dia dar um sermão na sala, e ele estava sentado lá como Gromit do Wallace e Gromit – mudo, mas incrivelmente expressivo com suas sobrancelhas levantadas, como se estivesse dizendo sarcasticamente: “Ohhh – nós realmente causamos agora”.

Alex “Gromit” Turner

Alex era particularmente vocal, mas você podia sentir quando a poesia parecia o mover um pouco. Um dia, eu li o poema de John Cooper Clarke, I Wanna Be Yours. Eu pensei que seria um risco trazer aquele estilo arrastado do John C Clarke e as crianças pensariam que eu era um idiota, que fosse desagradável. Alguns anos depois, Alex entrevistou Cooper para a Mojo, e ele disse que um professor (eu) leu para ele o poema em sala e ele ficou pensando “Uau!”. É sempre legal quando as pessoas lembram de você com carinho, mas pensar que você pode ter ajudado alguém passando seu amor pela língua – isso significa pra caramba pra mim!

Eu não posso apontar para qualquer trabalho de Alex e dizer que eu sabia qual era o talento dele, especialmente porque ele era incrivelmente descontraído para vários lados, e é por isso que a senhora Turner estava desesperada. Mas ele era muito bom em drama – em qualquer projeto que exigia-lhe fingir que estava na Amazônia, ou um delegado em uma cidade ameaçada por um desvio, coisas doidas assim. Eu tenho um vídeo dos últimos dias dele na escola, com ele interpretando o papel de um professor assassino. Ele está lá no uniforme Stocksbrige polo azul, bebendo o chá envenenado. Eu faria muita grana com esse vídeo, mas está firmemente a sete chaves.

Eu tocava em uma banda pessoal em um show de fim de ano. Você pode imaginar o que as crianças pensaram: um professor de geografia de 45 anos na guitarra, um professor de música de 35 anos na bateria e eu em frente no vocal. Quando voltamos das férias de verão várias crianças tinham formado novas bandas. Eu acho que eles pensaram que eles não poderiam parecer tão idiotas quando eu, Sehnor Baker.

Mais tarde, quando alguém me disse que Alex tinha uma banda, eu achei o seu website e enviei uma mensagem: “Parabéns garotos, eu sempre soube que vocês fariam algo criativo”. E eu recebi um e-mail de volta: “Olá senhor”. Seis semanas depois, Alex foi votado como o Cara Mais Legal do Planeta pela NME, e desde então, eu comecei a pensar sempre antes das aulas “O homem mais legal do planeta me chama de Senhor”

Eles me enviaram dois tickets para um show em Leadmill. Eu nunca vou esquecer aquela noite; meu filho de doze anos pulando lá na frente naquele mar de gente, e eu, um homem em seus 40 anos lá no fundo, bebendo minha pint e tremenda enquanto pensava: “Deus, aquele é Alex Turner”

Texto traduzido do The Guardian pela AMBR.