Header

A TRANSIÇÃO SINUOSA PARA ‘AM’ – O MELHOR ÁLBUM?

O álbum que conquistou as primeiras posições em diversos países consagrou a banda e garantiu seu lugar no pódio.

arctic-monkeys-P

Arctic Monkeys ‘AM’

 Existe numerosos brilhantes e arrepiantes momentos no ‘AM’. A parte que em ‘I Want It All’ Alex canta um verso mencionando o insano psicótico hino dos The Rolling Stones ‘2000 Light Years From Home’? Muito legal.O piano descendente de ‘Snap Out Of It’, o qual foi tratado para ter a mesma natureza melancólica de “Cry Baby Cry’ dos The Beatles? Lindo.A parte ‘whoo whoo’ em ‘One For The Road’? Que é Josh Homme fingindo ser Keith Richards. E a brilhante ‘Why’d You Only Call Me When You’re High?’, que começa soando muito como ‘Under The Influence’ de Eminem e então faz uma completa reviravolta em uma das mais doces melodias de Alex desde os seus dias Last Shadow Puppets. Completamente fantástico.

(NME Special – by Matt Wilkinson)

Começamos com uma citação que compreende bem a curva bem sucedida que a banda realizou – Cada fã daria sua justificativa, mas ninguém pode negar o sucesso do álbum, que amado ou odiado, é considerado de longe um dos mais estimados dos Monkeys desde então.

Apontado como o melhor álbum de 2013 pela NME e Q Magazine, ‘AM’ foi intensamente prestigiado pela crítica e garantiu um ano cheio de nomeações e premiações para a banda.

Fórmula do sucesso?

Talvez ótimos parâmetros em convidados como Josh Homme (Queens Of The Stone Age), Pete Thomas (ex-baterista de Elvis Costello, substituindo Matt na gravação de ‘Mad Sounds’) e Bill Ryder-Jones (Guitarrista convidado em ‘Fireside’, Last Shadow Puppets e Submarine EPs); também produzido por nomes como James Ford (que já tinha participação em todos os outros álbuns dos Monkeys, inclusive baterista no álbum The Age of the Understatement e guitarrista para a música ‘Only Ones Who Know’), e co-produzido por Ross Orton (produtor de bandas como The Kills, The Falls e M.I.A)

Ou quem sabe as influências inéditas de raízes americanas como Hip Hop, apontada algumas vezes pelos próprios Monkeys, “soa menos do que quatros rapazes tocando em um quarto desta vez” Alex disse em entrevista exclusiva para NME, “se você pode encontrar uma maneira de manipular os instrumentos ou os sons, ao ponto de que soasse um pouco como uma batida de hip-hop que seria perfeito em seu carro, eu acho que há algo muito legal nisso”

E devemos lembrar que a era ‘AM’ começa antes mesmo do álbum (isso mesmo), com ‘R U Mine?’ que saltava completamente do universo ‘Suck It And See’ e seguia para outra dimensão, dando apoio para a atmosfera das próximas criações. Se você estava no show do Lollapalooza em 2012 aqui no Brasil, pode conferir de perto milhares de estampas diferentes com o nome do single nas camisetas como se fosse o mais novo hino de uma banda recém descoberta (Areee yoou miine? Yes, we f*&@’ are!), e não era a toa.

A novidade vinha desde o estilo rocker dos anos 50 de Alex e os falsetes de Matt Helders completamente presentes durante o som; NME descreveu ‘R U Mine’ como se a banda estivesse novamente apaixonada pelas possibilidades sônicas de suas guitarras, uma fatia muito mais Humbug do que o antecessor de ‘AM’. Aliás, impossível não se envolver com a brincadeira de palavras, enrolar a língua cantando ‘She’s a silver lining / lone ranger riding through an open space’ e não pensar que a letra é tão Alex Turner quanto as recentes coreografias ícones nos shows…

Já em 2013, a banda abriu o primeiro show do ano com ‘Do I Wanna Know?’ e foi o segundo single a estourar antes do álbum ‘AM’ ser lançado. Com um riff muito parecida com ‘R U Mine?’ mas um tempo muito mais vagaroso e experimental da parte deles, Cook admitiu ter pensado “Whoa… O que foi isso?! Eu não acho que já tínhamos feito algo tão lento…” , mas que acaba casando perfeitamente com a letra extremamente sensual, obscura, explorando a dúvida sufocante sobre a reciprocidade de um sentimento que vai se anuviando em incertezas conforme o tempo passa ou gerando coragem a cada copo de bebida.

Os cenários romantizados e degradados onde o álcool e o cigarro constantemente estão presentes aparecem em canções como a ‘One For The Road’ e descrevem a nossa geração em cenários noturnos. Sentimentos mais universais também surgem como romances que assombram em ‘Knee Socks’. ‘Fireside’ e ‘No. 1 Party Anthem’ abordam o desejo e barreiras, ‘Mad Sounds’ a confusão ( – alucinógena?). Há até o belíssimo cover de ‘I Wanna Be Yours’ que mais sentimental retrata uma devoção em uma perspectiva romântica, e bem menos inoportuna do que ‘Why’d Only Call Me When You’re High’. Alex generalizou as letras em uma das entrevistas para a NME como:

Você está naquela festa e parece que você está quase em uma pintura Escher ou coisa do tipo, onde as escadas continuam ao redor. Você entende o que eu quero dizer? Nada faz sentido. É quase como imergir e emergir dessas situações, falando de forma muito ampla.

O título do quinto álbum igualmente garantiu uma ótima propaganda antes mesmo do lançamento, ‘AM’: seria o álbum que melhor representaria a banda até então? Ou apenas a abreviação para ‘ante meridiem’.

Em entrevistas Alex deixa abertura sobre o significado apesar de já ter confirmado todas as opções e atribuído outras, inclusive uma inspiração sobre o álbum VU da banda Velvet Underground de Lou Reed. Entretanto, com tantas propostas de tradução, aparentemente a ideia era que o álbum fosse o que você precisasse que ele significasse para você.

Receita perfeita? Talvez, mas o conjunto deu certo.

E vocês? Qual a sua teoria e olhar de fã para explicar tamanho sucesso?

COMENTE!